sábado, 30 de maio de 2009

Uma pausa para tratar de Matrix


Hoje mesmo conversei com amigos relacionados ao segmento de quadrinhos (aguardai! cairão artigos sobre mais super-heróis!), e de "papo em papo", enveredei pelo meu argumento, até aqui pendente de ser escrito, de tratar as máquinas de Matrix como...

IMBECIS

Os seres humanos podem até ser uma "pilha", e ao mesmo tempo, uma fonte de calor, mas não são muito bons nem numa coisa, nem noutra.

As aves, e podemos destacar as galinhas, são muito melhor fonte de calor. Aliás, enquanto que nós só chegamos aos 40°C com febre, as galinhas tem temperatura normal de 41°C.

Detalhe: se reproduzem muito mais e com muito mais facilidade que nós, placentários de porte médio, com nossas gestações quanto muito de gêmeos e de longos nove meses, e as mesmas instalações de produção de alguns humanos poderiam ser usadas para produzir centenas de galinhas, e com sua muito maior área corporal por peso para aproveitar seu calor, seriam geradores muito mais eficientes.


E comem minhocas! Não necessitando de complexas papinhas enfiadas por tubos em repulsivas gargantas humanas.

Devemos acrescentar que a máquina humana é extremamente eficiente, perdendo pouco calor para o ambiente como ineficiência, o que foi uma grande vantagem evolutiva para percorrer grandes distâncias atrás de carniça (sim, isso mesmo) e depois caça. Em outras palavras, comemos o mínimo e geramos movimento, mas não perdemos muito calor.

Assim, para gerar calor (e talvez ter ovos) DEUX EX MACHINA deveria ter pensado nas galinhas.

Na questão eletricidade, nada me lembra mais eficiência que os poraquês (com o simpático e claro nome científico de Electrophorus electricus), capazes de produzir até 1500 Volts a 3 Amperes, ou cargas de 4500 Watts, mais que muito chuveiro e torradeira de nossas casas.


Ou seja, as máquinas poderiam ter se livrado destes macacos pelados que impestam o mundo e ficado com bichinhos muito mais úteis para seus fins, inclusive, sem desejos de serem messias nem articularem rebeliões (ou usarem roupas góticas ridículas na Matrix! :D ).
(PS: Gostei de Matrix mas nem tanto de Reloaded e menos ainda de Revolutions, antes que algum matrixboy/girl - também chamados de Mr. Anderson/Trinity - em fúria me encha de exóticos desaforos, e sou ainda mais fã de um ou dois episódios de Animatrix.)

Agora voltemos à árdua tarefa de tratar da polimerização pelos radicais amina e carboxila...

sábado, 23 de maio de 2009

Evoluções e Combinatória II

Antes de continuarmos, uma nota importante.

Como podem reparar, nos títulos desta série está evoluções e não evolução, pois os diversos processos evolutivos, nucleares/atômicos, astrofísicos/agregação, químico/geológico/bioquímico e o biológico, a evolução dos seres vivos, não se dá pelos mesmos mecanismos nem pode ser tratada dentro dos mesmos modelos, aliás, um erro grosseiro frequente dos criacionistas e similares.

3.Formação das moléculas "elementares" da síntese bioquímica

Havendo a disponibilidade dos mais diversos elementos e especialmente dos inicialmente citados, houve na geologia terrestre, similarmente como evidenciamos ainda hoje em Vênus e nos gigantes gasosos e suas luas, a formação de moléculas simples, tais como as combinações dos elementos em questão:

C com H
O mais que abundante nos gigantes gasosos, o metano, CH4

C com N
O radical cianeto -CN.
C com O
O reativo CO e o estável CO2.
N com H

Uma variedade de radicais de -NH, -NH2 até a também abundante amônia, NH3.
N com O

Os diversos óxidos de nitrogênio e radicais, de fórmula geral NnHm
O com H

A mais que estável e útil como solvente água, H2O.

Nem vamos citar a bastante inerte combinação N2 nem a reativa mas sempre formável H2. O oxigênio é por demais reativo para formar em atmosferas por longo período de tempo O2, e sua presença abundante em nossa atmosfera se dá com a presença de organismos fotossintetizantes, muito distantes no tempo do cenário químico que estamos tratando.

Destas combinações, e devemos lembrar da reatividade de algumas destas formas, sob pressão suficiente (atmosfera e gravidade), temperatura adequada, nem congelante, impedidora das reações químicas em taxa suficiente, como observemos na menor reatividade da atmosfera de Saturno, Urano e Netuno em relação ao colorido Júpiter, nem permanentemente decompositora das espécies químicas formadas, vide Vênus, com a ação dos raios ultravioleta em dosagem moderada pela espessura da atmosfera e pela permeabilidade à esta radiação pelos componentes presentes, aliado à ação do raios, pois a eletrostática atmosférica depende só de sua escala, dinâmica e pressão, formou-se colossais quantidades de mais e mais complexos compostos.

As bases de tal sistema, sua modelagem inicial pelo humano se dá com a hipótese (relativamente de maneira errônea chamada de teoria) do bioquímico e biólogo russo Aleksandr Oparin em 1924. Oparin afirmava que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, aos moldes do já então descoberto para Júpiter, especialmente, pela espectroscopia de então, contendo metano, amônia, hidrogênio e água.


Aleksandr Ivanovich Oparin (1894-1980).

Uma representação artística da terra primitiva, e a meu ver, com um exagero na transparência da atmosfera ("The Earth's Birth", de Bonestell).

O experimento de de Urey-Miller, de 1953 só veio corroborar com o raciocínio, na verdade simples, de Oparin.


Equipamento do experimento de Urey-Miller.

Este experimento, embora num primeiro momento aparentou não ter produzido a ampla variedade de aminoácidos necessários à síntese de proteínas dos atuais seres vivos, mais tarde demonstrou, com mais avançadas e precisas técnicas de análise química, produzir 17 aminoácidos, purinas e pirimidinas, necessárias à síntese dos ácidos nuclêicos.

Para mais informações, recomendo:

The Origin of Life


http://users.rcn.com/jkimball.ma.ultranet/BiologyPages/A/AbioticSynthesis.html

O que é mais interessante, ainda mais para mim, com minha formação em Química e uma larga experiência em síntese orgânica, é que este experimento é destituido de catálise. Nada mais há que os gases e a fonte de energia. Inexiste o contato, por exemplo, com minerais granulados, como haveria em uma geologia, ainda mais com a variedade da geologia terrestre, que independe da composição (ao menos em determinados níveis) da composição da atmosfera.

Sabe-se lá que sem número de diversos compostos poderiam ter se formado numa atmosfera planetária (não um balão) em reações promovidas por raios da escala atmosférica (e não faíscas) durante milhares/milhões de anos (não horas).

Mas o que é interessante para nossa apresentação é que temos de entender que já pela obviedade clara e evidência indiscutível, gases simples, moléculas simples, produzem moléculas mais complexas.

Lembremo-nos e tal será útil adiante, que já no experimento de Urey-Miller, independente dos resultado comprovarem de maneira definitiva a formação de TODAS as moléculas necessárias a compor um ser vivo, já obtemos aminoácidos, e devemos destacar que tipo de molécula é esta.

Um aminoácido é uma molécula que possui "um lado" amina, -NH2 e um lado , um radical ácido carboxílico, -COOH, podendo ser representado por H2N-R-COOH, onde R pode ser um enorme número de "construções" de átomos de carbono. Trataremos com mais detalhes estes compostos no nosso próximo texto.

Tratando mais um vez de ultravioleta/radiação solar na síntese de compostos orgãnicos mais complexos que o metano, a literatura hoje é vasta em pesquisas neste campo, tendo se tornado uma "moda", tanto entre biólogos, bioquímicos, químicos e astrofísicos/astrônomos, e citarei apenas alguns exemplos:

Paul Bruston, Henri PoncetFrançois RaulinClaudina Cossart-MagosRégis Courtin

UV spectroscopy of Titan's atmosphere, planetary organic chemistry, and prebiological synthesis : I. Absorption spectra of gaseous propynenitrile and 2-butynenitrile in the 185- to 250-nm region

IcarusVolume 78, Issue 1, March 1989, Pages 38-53

http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WGF-47313SW-11S&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=4f08689b007600c26c78d301f390bafc

F. Raulin and P. Bruston

Photochemical growing of complex organics in planetary atmospheres

Advances in Space ResearchVolume 18, Issue 12, 1996, Pages 41-49 Proceedings of the F3.1, F3.4, F2.4 and F3.8 Symposia of COSPAR Scientific Commission F

http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V3S-3XSJX6S-8F&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=d27a304b459fd61a33d6e9e79b89b25c

Aliás, pesquisando para somar aos dois artigos acima, citados em debate meu sobre o tema, encontrei esta "fonte concentrada", apenas para o caso de Titan (lua de Saturno - e lembrando que já POUSAMOS nesta lua, e não apenas a observamos à distância):

Bibliography of References Relevant to the Chemistry of Titan’s Atmosphere – 1/9/05

http://psarc.geosc.psu.edu/TITAN/TitanChemBiblio.pdf



Superfície de Titan.


Ou seja, havendo gases e a ação da radiação solar, complexam-se as moléculas e aumentam as combinações que o carbono propicia.

Assim, ao meu estilo de avançar sobre determinados temas: Cresciam os dominós para triminós, e tetraminós, e destes, com presença de átomos diferentes do carbono, mais cedo ou mais tarde se chegaria à escala de combinações ainda mais complexas.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Evoluções e Combinatória I

Evolução Nuclear, Evolução Química, Evolução dos Seres Vivos

Como anda na moda criacionistas (ou, como os chamamos carinhosamente no ORKUT, "CRIAS") apresentarem argumentações (e até artigos "científicos") pela "vertente" das probabilidades e combinatória, tomado de um tanto de coragem e saturado até os olhos de ler tanta bobagem, "tomei-me de fúria" e como sempre torno-me pessoa meio, senão muito, insuportável, e a respeito de determinados pontos, "depois que viro os chifres, sou meio como determinadas raças de touro: SÓ MATANDO!".
(Tenho de observar que este texto e suas continuações já vem sendo escrito há mais de ano, e só agora com recentes acréscimos achei por bem trazê-lo a tona.)

Lembrando aos mais perversos críticos que não será de modo algum um artigo que se aproxime do que se possa chamar de científico, apenas de divulgação científica, pois na verdade, a Biologia, a Bioquímica, a Química, e mais que todas estas ciências a Física, simplesmente SE LIXAM para a opinião e ainda mais o ESPERNEIO dos CRIAS e seus "autores".

Infelizmente, pularei a ordem inicialmente planejada para a publicação de determinadas blogagens, mas o assunto a meu ver ganhou uma certa urgência.

Portanto, avancemos pelos CTRL C-CTRL V e pelos "meus dedinhos aos trabalho"...

1.Os átomos

Primeiramente, tratemos de escolher, e o temos de fazer, ELEMENTOS QUÍMICOS que produzam moléculas "bioquímicas" (adiante veremos porque das aspas) e para tal, nada mais simples que tomarmos exatamente os átomos que hoje situam-se entre os mais abundantes entre as formas de vida conhecidas, que são:

H - Hidrogênio
C - Carbono
N - Nitrogênio
O - Oxigênio

Desprezaremos, pelo menos por enquanto, elementos tais como o enxofre e o ferro, que embora, especialmente o primeiro, tenham importante papel na formação primária de moléculas tanto "orgânicas" quanto "bioquímicas" (notemos novamente as aspas), e o segundo tenha papel fundamental no metabolismo dos mais simples entre os microorganismos, como as bactérias "ARCHAEAS" (sem falar de nossa respiração), não serão necessários em nossos primeiros passos.

Observemos que coloquei os elementos em questão nesta ordem, por organizá-los por número atômico, que em termos de reações químicas, não é uma variável tão importante (muito mais importante é a distribuição mais externa dos seus elétrons, e a "classificação" entre as famílias, nas nossas tabelas periódicas, assim como eletronegatividades e diâmetros, fundamentais para as geometrias moleculares).

Temos que estes átomos têm os respectivos números atômicos: H=1, C=6, N=7, O=8.

Notemos que tais átomos, são de números atômicos pequenos (o próprio abundante na crosta terrestre silício, já entra na faixa de 14, e o ferro, como 26).

O hidrogênio, sendo simplesmente, para seu isótopo mais abundante, resultado da associação de um próton com um elétron (desprezando seus isótopos mais pesados) é simplesmente formado pelo "encontro" de tais partículas, mesmo quando estas são resultantes no espaço do decaimento dos nêutrons, resultante da decomposição e emissão de outros elementos:

n → p + e
Ou graficamente:



Aqui abro argumentação sobre uma questão:

O hidrogênio, entre os "seguidores" do MODELO FLRW-MODELO Lambda-CDM, ou, popularmente "BIG BANG", é afirmado como sendo um elemento foi formado na "nucleossíntese primordial" deste "possível" ciclo de nosso universo.

Os defensores, que são raros, mas são significativos nesta nossa argumentação, da CEQE, que é um MODELO CÍCLICO não conservativo, consideram que os prótons e os elétrons são produzidos, ou no vácuo interestelar, ou em maior fluxo em estrelas de um tipo especial, que são os correspondentes inversos do que sejam os buracos negros para o MODELO PADRÃO em Cosmologia e Astrofísica.

Isto explica, em ambas as teorizações, a enorme quantidade de tal elemento no Universo.

A partir daqui, a teorização torna-se HOMOGÊNEA, e especialmente, amparada na sólida Física Nuclear aplicada aos processos estelares, na corroboração pelas observações astronômicas e pela sua espectrometria e mais que tudo, pela colossal sustentação matemática de um dos mais aclamados artigos científicos de todos os tempos, o "Artigo B²FH" , especialmente de HOYLE.

A partir daqui, recomendaria consultas à WIKI sobre os temas, pois teoricamente a questão não só é complexa, mas vasta, o que tornaria onde quero chegar não só enfadonho, mas uma massa de leitura difícil.

Dos elementos acima do hidrogênio, como o hélio, é um gás nobre, portanto inútil para reações químicas; o lítio, é por demais reativo e fixante para produzir moléculas úteis bioquimicamente; o berílio, igualmente; o boro, poderia ser útil, mas não é tão abundante, e como fator pior, não forma cadeias tão facilmente quanto nosso próximo elemento, que é o carbono.

Notemos que o que seja a CADEIA PRÓTON-PRÓTON, o PROCESSO TRIPLO-ALFA, pasando pela COMBUSTÃO DO HÉLIO e de maneira mais peculiar, o CICLO CNO, produzirão nas estrelas a totalidade dos elementos que "necessitamos", mas termos a estrutura atômica, que construirá das menores bactérias às sequóias e as baleias azuis.



A cadeia próton-próton:

O processo triplo alfa:


O ciclo CNO
Dispondo agora, de processos estelares de uma geração (ou mais) anteriores à existência de nosso Sol e de sua "terceira rocha", dos átomos mais necessários à formação da vida, façamos uma análise sobre o mais importante destes elementos, que é o que permitirá, a partir de monômeros que apresentaremos as sínteses, passando pelos polímeros que construirão, chegar a variação de organizações destas moléculas complexas e longas em colaboração, que é o que define um ser vivo, e nada mais.

2.Carbono e sua combinatória

Observemos que o carbono produz entre seus átomos, e não caiamos em detalhes menores destas, uma variação de ligações: C-C , C=C e C≡C.

Assim, só entre átomos de carbono, podemos construir variações até de ligações, quanto mais de suas cadeias, que podem chegar, não só em número de átomos, que pode variar de alguns poucos a milhões, mas também em sua geometria.

Aqui tem-se de entender que moléculas não são ORGANIZAÇÕES ou DISPOSIÇÕES PLANAS e sim, tridimensionais. Uma conceituação que seria interessante, seria primeiro comparar com o conceito geométrico de POLIMINÓS (um dominó é um POLIMINÓ de dois componentes).

http://pt.wikipedia.org/wiki/Polimin%C3%B3

http://en.wikipedia.org/wiki/Polyomino

Por exemplo: o etano (C2H6) o eteno (C2H4) e o etino ou vulgarmente chamado acetileno (C2H2) seriam DOMINÓS de átomos de carbono (cuidado, pois haveriam as variações, ou DERIVADOS, como o etanol, etanal, etc).

Os pentaminós:


Notemos que entre os POLIMINÓS, os DOMINÓS só apresentam UMA VARIAÇÃO, enquanto os TRIMINÓS já apresentam 2. Só aqui, entre os "dominós de carbono", fora variações, e apenas com o hidrogênio, já temos 3 variações.

A questão é que o átomo de carbono, embora tenha quatro ligações possíveis, não é um quadrado num plano, e sim um átomo que se dispõe em variantes TETRAEDROS, e destes, apresentam-se inúmeras ligações possíveis com diversos outros átomos e em geometrias muito mais complexas que simplesmente um plano.

Daí, as combinações entre os átomos de carbono passam a ser, mesmo para números pequenos de átomos, ASTRONÔMICAS.

Agora...

Antes de PIORARMOS o problema e muito, já com a SOPA (lembrando com infame trocadilho a "sopa primordial") preparada com tanto tempero, despejemos nela um BALDE DE PIMENTA, para dizer o mínimo.

Os átomos de carbono não só formam cadeias HOMOGÊNEAS, mas também HETEROGÊNEAS, assim, em meio a cadeias curtas ou longas de carbono, podemos ter presença de átomos ou mesmo combinações deles, ou mesmo conjuntos deles, ou mesmo combinações de conjuntos deles, ou mesmo (SIM IREMOS CITAR ISSO!), combinações de conjuntos de combinações deles, como já no trivial exemplo do éter etílico:

CH3CH2-O-CH2CH3


Ou, num modelo "palitos e bolas":


Ou dos derivados azóicos:

R-N=N-R'

Ou dos compostos nitrosos:

R-NO-R'

Ou ainda dos peptídeos:

R-NH-OOC-R'

Logo, o exemplo geométrico dos POLIMINÓS é uma simplificação didática, mas RIDICULAMENTE SIMPLISTA do imenso problema combinatório que é a Química deste elemento, que chamamos, e aqui a minha opinião é definitiva, até ERRONEAMENTE, de "química orgânica".

Agora, e pretendo fazê-lo de maneira rápida e o máximo indolor possível, tratarei de mostrar que a formação de moléculas complexas destes elementos que estamos focando como BANAL no Universo, e em especial, INEXORÁVEL no espaço interplanetário de nossos sistema solar, em especial, pois próximo a nossa estrela.

No próximo texto, tratarei de apresentar como se formaram não os blocos de construção das moléculas, mas como se formaram as moléculas que são os blocos de construção das primeiras estruturas vivas.

Adiante...

3.Formação das moléculas "elementares" da síntese bioquímica

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Anjos e Demônios, Antimatéria

e algumas coisinhas mais...



Assisti sábado ao novo filme do diretor Ron Howard sobre os best sellers do autor de imenso sucesso Dan Brown, Anjos e Demônios*.

*Agora na versão cinematográfica transformado em continuação, quando inicialmente no livro seria uma história anterior. Interessante é que agora, o que seria uma heresia em Código, passou a ser uma apologia e redenção da Igreja Católica, e até sua primazia sobre a representação da religiosidade cristã... Vai se entender?!

Juro que tentei não achar horrível (e o termo é bem este, mesmo com o compositor/produtor Hans Zimmer em um de seus melhores momentos), pois realmente gosto do diretor e de Tom Hanks, mas está difícil. Leitores ávidos de Dan Brown, como minha amiga Juliana Vicente, que leu pelo menos umas três vezes somente Anjos e Demônios (considerado pelos seus fãs geralmente como o melhor livro do autor), odiaram as alterações e o próprio filme em si. Mas adaptações realmente não são fáceis, vide Watchmen ou V de Vingança, só para citar obras que li e derivadas de quadrinhos, muito mais claros sobre o que deve ser mostrado que o imaginário mundo da literatura pura.

Confesso que me atrai a maneira que Dan Brown trata a fé, como transcendente à necessidade dos mitos, pois seu personagem, mesmo após "descobrir" a humanidade e descendência de Jesus de Belém, Filho de José, O Carpinteiro (note a cidade) ainda se mantém um homem "religioso", e ora em gratidão junto ao túmulo que descobriu.

Lembra-me o personagem filósofo, Dr. Bud Chantilas, de Planeta Vermelho (Red Planet, 2000), representado por Terence Stamp, ao questionar a falta de fé do biólogo cético e ateu,Dr. Quinn Burchenal, representado por Tom Sizemore, em mais ou menos estas palavras:

-Você não tem fé? Estamos indo numa nave jamais testada, para um planeta jamais visitado, para tentar salvar a humanidade e você não tem fé?

Esta fala (fora minhas distorções) representa para mim de maneira perfeita a demonstração que a existência humana e seus objetivos ao enfrentar o mundo independem de mitos ou de consciências cósmicas providentes, provedoras e criadoras, e sim, da nossa certeza da necessidade de sobrevivermos enfrentando as adversidades da natureza.

Ou, como falou indiretamente de maneira brilhante H.G.Wells, em The Shape of Things to Come, levado ao cinema em 1936 em obra fundindo dois livros de Wells, com o título em português "Coisas Que Estão Por Vir" ou "Daqui a Cem Anos" - dependendo da edição - (Things to Come, 1936), primeira e durante muito tempo única superprodução no gênero ficção científica, na fala final de um dos personagens centrais (novamente, de memória, logo talvez com distorções):

-Se somos divinos, o universo é nosso por herança. Se somos animais, é nosso pela necessidade de sobrevivermos. Logo, temos de conquistar o universo, mais e mais, eternamente.


Assim, não interessa se somos anjos ou demônios, mais um macaco maldoso que enfiou uma pedra na cabeça do primeiro tapir que lhe cruzou a frente - assistam 2001 novamente, e se possível, leiam o conto O Sentinela, sua origem, vão entender perfeitamente o que seja a origem atávica dos mitos de Órion, o caçador, o que fez o homem vencer a fome, ou Osíris, que nos livrou da fome dos leões.

Mas parando de falar em cinema, filosofia, mitologia e voltando a algo de ciência em Anjos e Demônios, tratemos de bósons de Higgs, antimatéria, etc.

O LHC (Large Hadron Collider , Grande Colisor de Hádrons) do CERN não visa produzir anti-matéria. Os antiprótons já são produzidos no CERN desde 1995. Os pósitons (os anti-elétrons) já são conhecidos desde as fundações da mecânica quântica (1932), e sua existência já é clara na produção de par, apresentada na blogagem sobre fontes de energias de Star Trek.

O LHC visa colidir prótons a velocidades próximas da luz (nisto o filme/livro acerta) para obter a partícula que determina a massa de todas as outras, o teórico bóson de Higgs. Seja matéria ou antimatéria, as partículas que possuem massa possuem relações teóricas com a existência dos bósons de Higgs.





E se a origem da massa de qualquer partícula tem a ver com o bóson de Higgs, a origem de todo o universo, onde está a totalidade da massa de nosso universo (e isso que apenas ele é, sua massa e energia, seus campos e sua ocupação de espaço e tempo), a origem de tudo que vemos e somos no bóson de Higgs está.



Mas a origem dos bósons de Higgs seria OUTRO problema...

Voltando.

Outro ponto é que produzir antimatéria exige na nossa atual tecnologia, e muito de nossa física, enorme quantidade de energia, e tal processo é inviável, embora permita delírios de ficção os mais variados - Star Trek que o diga - (e mesmo como delírios tecnológicos, bem fundamentados).

Percebamos que manter qualquer partículas (ainda mais objetos mesmo de gramas) flutuando no ar ou espaço contra a gravidade exige campos magnéticos gigantescos, de enorme potência elétrica para os produzir, e não algo que possa ser colocado numa mochila, e muito menos, que tal campo possa ser produzido por dois eletromagnetos opostos, e sim por um toróide, ou anel, apenas para a flutuação e ainda mais, que não poderá, se em dois pólos ou anel, enfrentar a ação da gravidade em ângulo ortogonal à sua ação.

Ou seja: NÃO VIRA A AMPOLA, DAN BROWN! :)


Um feliz sapinho flutuando com um poderoso campo magnético:

E o tamanho do brinquedinho que faz esta proeza (se tem idéia do aparato físico pelos parafusos):Equipamento do laboratório HFML:

http://www.hfml.ru.nl/

Para uma interessante entrevista sobre o tema no filme:

Antimatéria do Cern ameaça o Vaticano - no cinema

http://www.swissinfo.ch/por/capa/Antimateria_do_Cern_ameaca_o_Vaticano_no_cinema.html?siteSect=105&sid=10692664&rss=true&ty=st

Outra questão: helicópteros tem altitude máxima de vôo muito limitada, vide Limite Vertical (Vertical Limit, 2000), de maneira que não dá para se ganhar uma altitude suficiente para não achatar Roma com uma explosão de (?) 5 quilotons. (E juro que tentei resistir, mas explosões de natureza nuclear, ou mesmo de antimatéria sem pulso eletromagnético acabando com as comunicações e equipamentos eletrônicos, não dá!)

Pergunta: o que raios uma bióloga com aquela atividade está fazendo no CERN?

Mas não sejamos mais chatos do que já somos naturalmente, e esperemos que os senhores Dan Brown e Ron Howard tenham mais juízo e tino em seus próximos trabalhos, talvez parcerias.E para não dizerem que fui maldoso, os ambigramas do filme são geniais, para dizer o mínimo.





Aguardemos Ponto de Impacto no cinema, pois o pano de fundo será científico: a descoberta de vida extraterreste.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Star Trek V


Claro que como todo chato (no linguajar de quadrinhos "caça piolho") tenho de achar babadas neste novo Star Trek para abordar temas científicos.

Então, vamos lá.

Proximidade dos Planetas

Um planeta ser perto de outro o suficiente para do primeiro assistir-se seu "colapso gravitacional" é uma bobagem bem rechonchuda.


Planetas distam de tal ordem de distância que vemos Marte, Vênus e Júpiter como "estrelas", e mesmo se estivéssemos em Marte, veríamos o enorme Júpiter como outra estrela, claro que significativamente maior, mas ainda sim, distantes entre si quase 500 milhões de quilômetros na sua menor distância possível, quando ambos estão no periélio (menor distância em relação ao Sol), e forçando a barra para que este se dê quando ambos estão "do mesmo lado do Sol".


Obrigado NASA! (Júpiter é a "estrelona" abaixo de Vesta)


Claro que alguém vai poder me dizer que poderia ser um sistema estelar (ou solar, não sejamos puritanos em termos) de distribuição diferente do nosso, com planetas mais próximos uns dos outros.

ERRADO! Sistemas assim são instáveis, e exatamente isso levou a formação de nossa Lua, na clisão da "Prototerra", ou "Terra I" com Theia, um "Marte" de nós próximo.


Para entender mais detalhes:

Uma interessante simulação do processo:
The Giant Impact Hypothesis

Sistemas solares exóticos (em relação ao nosso), com planetas de órbitas extremamente elípticas, já são mais que conhecidos e dentre os conhecidos, abundantes (e o são por nós abundantes entre os conhecidos exatamente pela maneira como detectamos planetas, pelo "balançar" de estrelas).
Leiam minha blogagem sobre "Sistema Caótico":

Um exemplo de órbita de exoplaneta conhecido (media4.obspm.fr)
Assim, um planeta em posição estável em relação a outro, num tamanho visual no firmamento maior que a nossa Lua, em que pudéssemos assistir seu colapso, sua destruição, pela gravidade, é apenas digno de aplausos para a representação visual de uma dramaticidade, nada mais que isto, tão distante da realidade e de como a natureza se comporta quanto as ondas ou chamas feitas por panos em teatro são do mar ou de um incêndio.

Assistir-se de uma satélite, tal qual nossa Lua de nós é, seria OUTRA COISA.

Supernovas

Digamos que Alfa Centauri, as mais próximas estrelas (é um sistema hoje entendido como triplo, três estrelas orbitando), fosse uma estrela das mais polpudas da Via Láctea, e inicia-se o processo de combustão final, levando à fase do ferro-níquel-cobalto (decorem isso: estrelas que produzem ferro explodem) e estivesse próximo a explodir em uma "nova".

Uma animação de uma explosão de supernova:
Uma explicação bem mais completa:
Supernovas: When Stars Die

Ficando quatro anos-luz de distância da Terra, e lá estando uma nave da federação, perceberia a explosão (a série, especialmente A Nova Geração, possui episódios com tais temas), e de lá sairia em fuga. Chegaria em no máximo poucos dias à Terra, e depois de 4 anos - menos estes alguns dias - chegaria a radiação desta estrela, e um tanto depois, as massas mais aceleradas da explosão, na forma de uma núvem de gás, e tal dicipação poderia demorar até centenas de anos, logo, o problema é com a radiação, destacadamente a gama.

O que restaria seria uma bela nebulosa, durante anos a avançar em nossa direção.

Se nós, pobres humanos da federação, podemos fazer no universo ficcional de Star Trek isso, que se há de dizer dos riquíssimos romulanos e seus recursos imensamente maiores.

Logo, temos de nos preocupar com o aqui e agora para uma "erupção gama", de alguma "nova", mas não com erros de física dos roteiristas (ainda que o castigo dos anos e anos de perversidade dos romulanos tenha recebido um bom castigo!).

Fontes de energia

Aqui tenho de dar o braço a torcer.

Ninguém conseguiu entender melhor para o universo de Star Trek e para toda a ficção científica o que seja o limite de geração possível de energia (e sua utilidade) que os pupilos de Gene Roddenberry e ele próprio.

Antimatéria é a matéria com as "cargas invertidas". Assim, um "anti-átomo" possui pósitrons (como são chamados os anti-elétrons ou "elétrons positivos") em seus orbitais e "prótons negativos" (anti-prótons) em seus núcleos.

Ao colidir matéria com antimatéria, resulta-se somente fótons (o que pode-se dizer que seja energia pura, e algumas partículas residuais). Nenhuma fonte de energia é mais eficiente, pela máxima transformação de matéria em energia. Logo, nada mais certo que usar-se este processo para obter os máximos resultados e as velocidades absurdas da naves "warp".

Para quem acha que tal é insano, recomendo atualizar-se:

ANTIMATTER ENGINE

http://www.wipo.int/pctdb/en/wo.jsp?wo=2002086317

Para entender fundamentos mais triviais da questão:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antimat%C3%A9ria

Entender-se que o seja antimatéria está não só no nosso futuro e na ficção, mas na origem de nosso universo e seu conteúdo de matéria, e começa-se a entender o que seja isso quando se entende o que é "produção de par":
Ou, graficamente:






Luz produz matéria, e no sentido inverso do gráfico acima, temos uma anulação de par, e matéria produz luz - energia, e movimento - e destes indo aonde jamais alguém esteve.

Já berílio é só um elemento escolhido pelo nome bonitinho. ;)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Star Trek IV


Fui ver o filme.

Tenho de ser sincero: esperava mais em termos técnicos (especialmente depois dos últimos de "A Nova Geração"), e me decepcionei com a maneira "câmera sacudindo" com que foi filmado, com a confusão entre o que seja ação e simplesmente "desordem" (aliás, típico dos pupilos de J. J. Abrams, vide Cloverfield, de 2008, e a simplesmente a bagunça que transmite às suas séries de TV, onde começa bem, com idéias originais, depois vai colocando tantos novos elementos que nem mesmo mais os roteiristas sabem para onde vão).

Mas tenho de ser ainda mais sincero: o projeto agradará a imensa maioria dos fãs e simpatizantes ao universo de Star Trek (dentre os quais me incluo) e certamente, dará muitos frutos.

Mas vamos aos pontos positivos e aos MAIS que positivos: fugiu-se do mundinho perfeitinho levado à perfeição em Star Trek: The Motion Picture (1979), ou seja - Star Trek agora é nitidamente realista e um tanto "starwarseriano" (é capaz de ter fã de Star Trek me escrevendo e enchendo de desaforos), o futuro tem passado, as coisas envelhecem, nem tudo são flores, entes queridos sofrem preconceito e morrem, nossos heróis sangram e sofrem lesões (e muitas!), nosso médico bebe e não é pouco, um determinado rapaz russo não consegue com seu sotaque nem ser entendido pelo computador, etc. Em suma, há um tanto de "humana sujeira".

Criou-se estéticas novas para os vôos "em dobra", para o teletransporte, para o interior das naves (que mais parecem - e são, tenho quase certeza - fábricas até de cerveja - aqui e ali vemos uns pilares com rebites, etc novamente).

Elogios dobrados a formas de vida, e aqui a computação gráfica é a grande senhora dos resultados possíveis, que não são mais repolhos esquisitos protos a devorar os tripulantes incautos, mas coisas parecidas com "ungulados carnívoros" e exóticas formas de grande porte, prontas a devorar não só os monstros que são parecidos com formas que já habitaram nosso mundo, mas também nosso herói.



Devemos destacar que o elenco faz corar de vergonha as qualidades dramáticas dos atores da série clássica, mas afinal, os tempos são outros, e por falar em tempo, o "spin" dado pelo roteiro permite agora dobrar-se (sim, o trocadilho infame aqui foi proposital) todos os temas, idéias e situações criadas para a série original.

Pausa para a piadinha infeliz: -realmente a calvície não tem cura não só no século XXIV, como também não tinha época do nascimento de James Tiberius Kirk.




O humor permeia o elenco, e Spok agora e é dotado de uma certa revolta, ainda que contida, que se manifesta desde criança. Karl Urban simplesmente arrebenta como um McCoy tão ácido quanto o original, Zoë Saldaña é uma Uhura como Nichelle Nichols deve estar orgulhosa em ver (e tão ou mais bela quanto), surgem romances impensados, Scott ganhou um bom comediante britânico para interpretá-lo, curiosamente Sulu gaha um caráter humorístico antes não visto e deixemos o melhor para o fim: os romulanos não são mais o povo até arrogante em seu agir, e parecem mais um bando de punks cobertos de tatuagens tribais, há dias sem banho que qualquer um de nós detestaria encontrar num beco escuro, e coroando e coroado no controle deste grupo mais que desagradável, um atormentado Nero representado por um impecável - e assustador - Eric Bana.


Nota triste: o tempo, a idade, nos ensina que a marcha do tempo é inexorável, e muitos não conseguem ter uma morte súbita, ou uma velhice bastante saudável. Temos de entender que Leonard Nimoy dá sinais de pertencer ao grupo de pessoas que não citei: os que envelhecem com uma curva de debilidade rápida, então, aproveitemos estes últimos momentos do Spock original.

Observação: debilidade fisica não implica em um ator não ser convincente, e o melhor Mustapha Mond possível, de Admirável Mundo Novo, continua danado de bom!

Antes de partir para outro temas, uma nota mental:

tenho de escrever sobre o que possa ser "matéria vermelha".

Dobra espacial


Temos de entender que dobrar o espaço ao nosso redor, torná-lo mais "curto" e se deslocando a velocidade qualquer, andar o dobro da distância, ou algo como mergulhar no "hiperespaço', onde a geometria do universo é ainda mais curta, é uma idéia interessante, mas pensemos que a massa inteira do universo não curva o espaço mais que o que vemos, e medimos, que é praticamente um "plano", e mesmo massas colossais como as do Sol só produzem deformações que fazem com que a precessão do periélio de Mercúrio seja de apenas poucos segundos por século.

Para saber mais:


Ou, de minha modesta colaboração, dando ênfase aos fatos históricos por trás do entendimento deste fenômeno:


Assim, dobrar o espaço-tempo, ou mergulhar no "hiper", é até uma idéia bela e solucionadora dos chatíssimos limites que a física impõe aos autores de ficção científica (Perry Rhodan, por exemplo, a séria alemã, apresenta soluções ainda mais rocambolescas para distâncias ainda maiores).

E convenhamos, usar simples progressão geométrica (e outras, ALÔ, ROTEIRISTAS!) permitirá aos futuros autores de Star Trek solucionar mais e mais distâncias e seus problemas, e como o que se necessita são mudanças nos cenários da "sala de máquinas" e roteiros inteligentes, que tenhamos "vida longa e próspera", ainda que se mantenha em oculto o que realmente seja "dobra", muito menos o que raios seja "transdobra". (Aqui, caros trekkers, o "raios" é sobre as bases físicas de tais idéias, não de sua graça num produto cultural).

Viagens no tempo

O mais interessante de Star Trek é que apesar de ir para cima desde seus primeiros dias das limitações que a Relatividade nos impõe, a limitação da velocidade da luz, sem o que as viagens interestelares tornam-se coisa de anos, e mesmo assim, com inúmeros episódios da série mostrando que tais distâncias são tão grandes que a transposição delas podem levar anos (aliás, a alma por trás dos roteiros da série Voyager), os roteiristas sempre colocaram a viagem no tempo (para o passado) como uma consequência da velocidade da luz, quando na verdade é uma consequência não tão da velocidade da luz, e sim de nossos desejos de tal ser possível.

Explico: a velocidade da luz, sua proximidade, implica na distorção do tempo, onde o tempo dentro do corpo em deslocamento passa a se dar cada vez mais lentamente, e externamente transcorre o, digamos, "tempo normal". Assim, à determinada fração da velocidade da luz, muito próxima de UM, um segundo dentro de uma nave será correspondente a dez mil no seu exterior.

Para entender mais esta questão, procure por "paradoxo dos gêmeos".

Uma "mãozinha":


Outra, mais digestiva:


Outra ainda:


Assim, acredito que a abordagem de viagem no tempo do simpático Star Trek IV : The Voyage Home (1986), de uma passada ao redor do Sol, voltando ao passado, foi trocada pelo "vórtice de táchions" dos "nossos amigos" Borgs, já em "Primeiro Contato", por um certo tratamento mais sério da questão por parte dos roteiristas.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Star Trek III

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Evolução das outras civilizações


Há tempos assisti um documentário, nem lembro em que canal que tratava a questão dos diversos "seres vivos civilizados" que aparecem em Star Trek como uma propagação entre os roteiristas de que Gene Roddenberry teria imaginado as diversas civilizações como oriundas de similares processos evolutivos.


Desculpem-me, mas sem eu ler ou ouvir fidedignamente isto de sua própria mão ou boca, nada feito.


E sustentarei esta posição com dois simples argumentos: quando da confecção da para mim saudosa série de desenhos animados dos anos 70, imediatamente somou-se à tripulação clássica um "felinóide", já que manter os personagens originais seria óbvio. Na primeira oportunidade, Gene colocou um ser de silício, e outro gasoso na série clássica, e chega a "bagunçar o coreto" com a supercivilização integrada em máquinas que acolheu o órfão Voyager, perdão, V'ger.

sharetv.org


Assim, suas noções de Biologia vão muito além de um argumento "evolução em escada" com a forma humana sendo o resultado inexorável dos seres vivos. Mesmo em detalhes, pulou a Biologia terrestre, como o sangue operando em cobre, dos vulcanos.

glenngreenbergsgrumblings.blogspot.com


A Horta, forma de vida baseada em silício de Star Trek (stevyncolgan.blogspot.com).
Obs.: Sobre vida baseada em silício e representações artísticas destas, não deixe de visitar o blog de onde esta imagem foi copiada.

Assim, as testas, orelhas e detalhes da pele* me parecem mais uma limitação de produção que uma concepção sobre como se dê a evolução em outros planetas. Se dispusesse dos recursos de hoje, as inúmeras criaturas de Star Wars talvez tenham sido em muito ultrapassadas pela produção de Star Trek.


*Quase esqueço o maravilhoso episódio da civilização altamente preconceituosa porque possuem lados diferentes de cores diferentes, comparticipação do saudoso Charada (inimigo de batman),Frank Gorshin.


http://www.imdb.com/media/rm378575104/tt0708435


Uma coisa me perturba em Star Trek, que é uma noção que a coletividade dos Borgs (aos moldes das formigas e abelhas) é moralmente inferior à nossa individualidade.


Mas acho que aqui poderiamos estender uma discussão bizantina, mas que ninguém me diga que não adorou a rainha-vilã.



Agora tratemos de algo mais científico.



Como bem trata DAWKINS em vários de seus livros, o processo evolutivo é probabilístico**, caótico e o termo que atualmente uso depois que o aprendi em sentido plenamente: estocástico.


**E sua argumentação é seguido distorcida como a prova da impossibilidade da vida como a temos, especialmente por místicos e criacionistas, sem falar dos novos delirantes do "design inteligente".


Assim, as combinações possíveis das formas de vida são da ordem de um número muito maior que o que temos de partículas no universo. Por outro lado, o resultado que hoje na Terra temos não é outro senão esse que vemos num pássaro que nos pousa junto a janela, ou uma flor onde uma abelha coleta pólen.


Por outro lado ainda, se determinados eventos na história terrestre (logo, em qualquer outro planeta) pudessem ter sido diferentes, talvez um mamífero alado coletasse pólen, um inseto de grande porte pousaria em nossa janela, e nossas esposas talvez os vissem de exóticas janelas, enquanto chocam seus ovos (ou talvez nós os abrigassem, como o fazem os cavalos marinhos).


Noutro planeta, poderiam as formas civilizadas de vidas não serem descendentes de dinossauros (como o são os pássaros) nem de outras formas que nos são bastante agradáveis, como a mim são os elefantes, ou de lagartos (aqui, Gene também tocou seu pincel de mestre) mas de louva-deuses ou lagostas, ou ainda mais exóticas e até para nós repulsivas e inimagináveis criaturas.


E aqui, gostaria de citar outro filme recente, e nisto, embora o considere inferior ao original, eu acho que o diretor/roteiristas acertaram a mão, quando em "O Dia Em Que A Terra Parou", é perguntado porque Klatu veio a Terra em forma humana, e ele responde que "é para não nos causar repulsa".


Assim, concluindo, como gosto de dizer, é praticamente impossível no universo não existir outro planeta com vida. É muito difícil nestes planetas não terem se desenvolvido vida minimamente inteligente (como um dia já fomos, passando quase um milhão de anos apenas sabendo fazer uma pedra pontuda) e por isto é quase certo que mesmo nossa local galáxia tenha civilizações, algumas muito mais avançadas que os tripulantes de navios modificados de Star trek, mas mesmo se assim o forem, tal como diferentes são árvores de uma mesma espécie numa floresta, certamente as "árvores da vida" de tais planetas tenham diversidade de galhos, ramos e folhas.


E talvez quando nos encontrarmos com a primeira delas, não nos saudará com um sinal rabínico que Leonard Nimoy lançou (no jargão "colocou de caco") na série clássica, mas com algo que nem a mais exótisa lagosta ou louva-deus tenha em seus corpos.


naoentendonadadecinema.blogspot.com





Juro, tentei resistir:



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Star Trek II

Como tenho grande, e quase paranóica, preocupação com o que seja honestidade intelectual, meu artigo anterior sobre o universo de Star Trek não tratou nem um pouco de aspectos científicos, então o consideremos ser o prefácio para este.

Analisemos alguns pontos do universo de Star Trek.

Teletransporte


Podemos pegar uma partícula aqui, tirar todos os seus "dados" e colocá-la noutro lugar? Sim e não é a resposta.

Podemos pegar um próton, extrair grande parte de suas características e fazer outro próton praticamente idêntico, mas sempre faltará alguma coisa. Aí que entra uma característica básica da natureza, descoberta e estabelecida como um dos princípios fundamentais da Física, que é o Princípio de Incerteza de Heisenberg.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg

Nós podemos determinar sempre QUASE tudo de uma partícula, mas não tudo. O mesmo se daria para nêutrons e elétrons, e assim, nestes, átomos e moléculas, pois tudo na natureza é composto de partículas quânticas.

Por outro lado, poderíamos transformar todas as partículas em fótons e transmití-los por meios de "ondas de rádio", e retransformá-los em outras partículas do outro lado da "linha de transmissão" (aliás, é exatamente esta a solução para a falta de naves menores na produção da série clkássica de Star Trek, e que resultou no teletransporte).

Mas o problema é que quantidade de energia envolvida seria imensa, pois transformar partículas mássicas em fótons parte de fótons de altíssima energia mesmo para elétrons, no que seja geração de par, e o que se dirá para partículas imensamente mais pesadas como os prótons e nêutrons, o que aliás, somente foi produzido na natureza no Big Bang e não mais depois.

Para os interessados, pois aqui a coisa não é tão leve:

http://en.wikipedia.org/wiki/Matter_creation

http://en.wikipedia.org/wiki/Annihilation

http://en.wikipedia.org/wiki/Electron-positron_annihilation

Aliás, é MUITO pesada:

http://en.wikipedia.org/wiki/Big_Bang_nucleosynthesis

http://en.wikipedia.org/wiki/Lambda-CDM

Mas desconsideremos estes "pequenos" problemas.

Problema ainda maior e mais simples de ser entendido seria a administração dos dados das posições de todas as moléculas de um corpo humano, aliás, de todos os seus átomos, pois somente 18 gramas de água têm 6.10^23 moléculas. Se somos 70% para mais de água, então um Montgomery Scott, quando ficou gordinho teria umas...

James Montgomery "Jimmy" Doohan (1920-2005), saudades dos mais divertidos momentos da série, na minha opinião.

Deixemos os cálculos para lá, e continuemos considerando que a idéia oriunda da necessidade da produção da série originou um dos mais delirantes sonhos tecnológicos da humanidade, ao de se deslocar à velocidade da luz para distâncias curtas sem necessidade de um veículo.

A seguir:

Evolução das outras civilizações


Dobra espacial


Viagens no tempo


Fontes de energia


A parapsicologia moderada de Star Trek

domingo, 3 de maio de 2009

Star Trek


Primeiramente, e espero não receber comentários "tomate", nunca fui um ardoroso fã de Star Trek, nem um trekker (os verdadeiros e nobres fãs), nem um trekkie (os mais patológicos, aqueles que chegam a se vestir NO DIA A DIA de tripulante da frota).

Mas tenho profunda admiração por N coisas criadas no universo de Gene Roddenberry.

Suas idéias sobre o futuro político da humanidade, numa união de raças (etnias), credos, hábitos (tatuagens maori, por exemplo), origens linguísticas, etc.

Nos passos futuros de sua série e derivados, criou até a associação dentro deste esquema pluritário de antigos inimigos, como vemos os klingons (em clara citação ao império soviético e o fim da guerra fria). Ou seja, transcende o étnico humano para o "interespécico", a comunhão entre seres vivos (mesmo com as notórias limitações até de produção, caracterizando espécies pelo simples acréscimo de maquiagem na testa - embora tenha acrescido na série "clássica" até uma preocupada "mãe" a base de silício).

Destaco também um tratamento desde o primeiro momento respeitoso pela fictícia porém bela religiosidade dos klingons.

Suas noções comunistas sobre economia. Sim, releiam. Os tripulantes não precisam mais de salário propriamente dito, pois dispõe de créditos proporcionais a sua atividade (o que em si é salário, mas...) e todos são carregados de funções e responsabilidades, e citações a riqueza ou mesmo a propriedade privada são bastante limitadas em toda a série. E casa tal visão de mundo, embora deva se destacar, completamente democrático, meritocrático e ordeiro com o próximo comentário.

Gene Roddenberry, lançou, mesmo neste mundo utópico, de um futuro asséptico (contrastante por exemplo com o sujo, envelhecido, defeituoso e corrupto do período imperial de Star Wars), uma motivação para nosso futuro: O CONHECIMENTO. E esta busca passa ser a motivação pela felicidade num mundo de abundância material e pouco sofrimento (tirando quando a espécie da próxima esquina tenta destruir o planeta...).
Visto que o universo é vasto, e mesmo se limitando em geral a apenas a limitada Via Láctea e mesmo nesta a apenas alguns "setores", no jargão do seu universo criativo, o volume de coisas a conhecer é tão grande que aí está a motivação de nosso futuro. E a série chega a citar não só biólogos, a estudar ecossistemas, mas também arqueólogos, ou melhor "exoarqueólogos", estudando civilizações antigas e até extintas nos inúmeros mundos que em no universo de Star Trek visitamos.

Sobre o vanguardismo racial: basta dizer que colocou o primeiro beijo interracial na televisão americana. Preciso dizer mais?



A lógica de Spock, com pérolas que devem ser ouvidas, lidas e relidas por todos os homens, como: A Primeira Lei da Metafísica de Kiri-kin-tha: Nada irreal existe. (Star Trek IV: The Voyage Home), a apresentação de paradoxos e um tanto de uma ética quase irretocável, como "A necessidade de muitos supera a necessidade de um." (Se errei, por favor, algum fã me corrija!)

Com tudo isso, perdoamos a falta de naves menores que levou ao exótico (e difícil de tratar) teletransporte, os interiores da Enterprise da primeira série que mais pareciam um edifício de escritórios com divisórias de derivados de celulose, as maquiagens terríveis, os cenários de papelão e plástico, as cortinas coloridas cobrindo quase tudo que não fosse humano, as poucas cenas externas nos arredores de Los Angeles, pela canastrice de Willian Shatner, etc, da série clássica.

Agradecemos pela qualidade*e delírio criativo da série de desenhos animados de 72-73, em que mesmo roupas espaciais não eram mais necessárias, pois bastavam os "campos de força".

*Eu discordo gravemente da Wikipéda {{pt}} neste aspecto, pois sempre fui um grande admirador da técnica limitada, mas perfeitamente adequada à televisão dos comandados por Norm Prescott e Lou Scheimer, e sua representação da figura humana era simplesmente inigualável na animação de então.

Agradecemos pelo belíssimo e profundo filme de ficção do mestre Robert Wise. Nem falemos das trilhas sonoras, em especial, quando sob a batuta do mestre absoluto Jerry Goldsmith.

Peço que me perdoem pela piada de que alguma praga terrível aconteceu entre o século XXIII e o XXVI que extinguiu as mulheres lindíssimas da série clássica em relação as boas atrizes, mas esteticamente nem tanto, de "a nova geração".

Peço também que me perdoem pela outra piada de que com todo o avanço tecnológico, a calvície de Patrick Stewart não tenha sido curada (aliás, GRANDE ATOR, com todas as letras).

Agradecemos pelas vulcanos gostosas, pelas borgs gostosas (sim, nem estas ele perdoou), pelas klingons saradas, pelas classudas romulanas!



Que venha esta nova fase, que renasça ainda mais forte a obra seminal de Gene, que gere muitos frutos e motive outros tantos a tudo que motivou em muitos estes anos todo, e que tenha vida longa e próspera!

sábado, 2 de maio de 2009

X-Men Origins: Wolverine - Parte II

 
Hoje fui ver o filme, e confesso que saí "babando". A produção superou (mesmo tirando aspectos tecnológicos) os três X-Men, incluindo a presença de uma atriz que já tinha me chamado a atenção em O Mercador de Veneza (The Merchant of Venice ,2004), com Al Pacino, Lynn Collins, sem falar o conjunto todo do elenco.

Só o, digamos "primeiro" bloco, com a presença de Wolverine e Dentes de Sabre entre diversas guerras dos EUA já vale o filme inteiro, mas nosso assunto aqui não é cinema em si, e sim, ciência no cinema.
Primeiro, crianças: é lindo uma mocinha capaz de transformar sua pele em diamantes, mas infelizmente, diamantes são DUROS, mas FRÁGEIS.
Nada mais mentiroso (e custoso) que testar um diamante com uma martelada, pois ele vai virar cacos, e não resistir ao martelo. Então, que dirá de balas.
Aviso aos amigos da Marvel: criem uma mutante capaz de transformar sua pele em kevlar (até fazendo um acordo com a DuPont!) ou de titânio, que são materiais resistentes à tração, logo a impactos e absorventes de balas.

Segundo: ter um metal imensamente duro e resistente permite cortar outro, mas não implica que para isso, não necessite-se energia, logo, para passar as garras e cortar um Humvi de lado a lado, necessita-se de imensa força. Preferível colocar as garras no Hulk (ou mesmo no sempre atrabalhoado Homem Aranha).
Mas prefiro o Hulk, pois ser capaz de produzir imensa força não implica em ser-se imune a (maldita!) inércia e a transferência da quantidade de movimento, de onde ao Humvi passar, mesmo que eu tenha imensa força, levaria um piparote de ir parar 50 metros adiante, a não ser que tenha uns quinhentos quilos (o que diminuiria e muito o piparote) - ser verde e "meio" bronco vem de troco. ;D
Terceiro: o acima vale para Blob. Pode pesar um milhão de toneladas. Levando força sobre si, VAI SE MOVER. Aí tem-se de acrescentar outros ingredintes, e uma maravilhosa história seria sofrer a ação de força tão poderosa que ao ganhar massa para não se mover (o que por si já não é propriamente verdade) caísse em colapso gravitacional, e por si entrasse no estado de matéria degenerada em uma mini-anã branca, depois um Blob de nêutrons e por último um Blob-buraco negro.
ALÔ! ROTEIRISTAS!
Quarto: confesso que sempre achei Cyclops dos menos cativantes X-Men, mas teria de perguntar - quando vão "colocar na baila" sua fonte de energia, ou como seus olhos PRODUZEM energia, já que olhos são coisas que RECEBEM energia, aliás, por isto mesmo vemos, e por sinal, em termos dos fótons, mais que limitadamente.
Tanto isto é fato que vemos somente no comprimento de onda 700 nm a 400 nm, enquanto que os fótons tem imensamente maior gama de frequências/comprimentos de onda.
Aliás, este é um problema da "visão de calor" do Super Homem, mas concentremo-nos...
Quinto: decidam-se, roteiristas! Se adamantium é indestrutível, é indestrutível, e da mesma maneira que uma chapa do melhor aço é penetrada por urânio exaurido (material denso, mas não necessariamente tenaz, ou grosseiramente falando, FORTE, usado na munição contra blindagem das mais avançadas forças armadas do mundo (o avião A10 e o veículo Bradley a usa, leiam meu Knol sobre Poder militar dos EUA)...
...e mesmo cobre fundido penetra facilmente aço, o adamantium NÃO seria penetrado pelo próprio adamantium, ou senão, qualquer munição de alta tecnologia, exatamente pelo mesmo motivo, atingiria o nosso "anti-herói" (sim, Wolverine é uma peste, concordemos).
Sexto, e aqui não há uma crítica, e sim um comentário: atentem que a Marvel acaba de incorporar uma determinada tradição do mito dos vampiros, e nem só mais com a capacidade de regenerar-se os dois irmãos mau humorados podem contar para serem invulneráveis.
Assim, como a inspiradora foto de Dentes de Sabre dedilhando a "fonte" com suas unhonas, PENSEM, mesmo divertindo-se.
PS: O diretor Gavin Hood, como eu digo, "veio para ficar".