sábado, 27 de junho de 2009

Transformers - A Vingança dos Derrotados II

Além de Beethoven e a morte de Michael Jackson


Ouvi rapidamente pela BandNews a crítica sobre Transformes - A Vingança dos Derrotados, acredito que pela excelente Tatiana Vasconcellos, e tenho de concordar inteiramente com ela.

Esta continuação tem tanta ação, e tão constantemente, que cansa, e chega ao ponto de causar não admiração pela técnica cinematográfica apresentada, mas sim, tédio.

Aqui, certa vez, vi uma entrevista com Spielberg sobre Tubarão, quando explicou o porquê do filme ter um determinado impacto, ao de só apresentar após longo período o animal, e o que aprendeu com Alfred Hitchcock - de que um filme não deve ter mais que três sustos, e alternar momentos de tédio com cenas "de arrepiar".

Considero inclusive que Hitchcock acrencentou em Psicose um elemento a mais, que é alternar o afeto que temos, genericamente, independentemente do sexo, por mulheres bonitas, ao colocar Janet Leigh, uma das mulheres mais bonitas do cinema de então, para após alguns minutos de filme, ser fatiada numa banheira.


Qual o segredo do impacto que nos causam tubarão e inúmeros filmes de ação e terror que consideramos "bons" e ficam em nossa memória, e exatamente por estes conselhos do mestre Hitchcock?

Nosso cérebro é uma máquina de estímulos, permanentemente a alternar momentos de até apatia com excitação. Assim, um permanente ruído passa a ser tolerável, e depois de um tempo, excetuados "limiares da dor", a marca que o sistema de audição vai apresentar dano, passamos a nem percebermos tal ruido.

Percebemos muito mais um objeto que se move que uma paisagem estática, e apontamos nossa visão exatamente para o primeiro corpo em movimento numa paisagem estática. Até os odores nos saturam. Aliás, até os sofrimentos nos saturam, vide os inúmeros relatos de apatia frente à desgraça nos campos de concentração nazistas e outros ambientes similares.

Assim, para nossa vida ter "graça", inclusive na felicidade momentânea e até por uma vida inteira, esta não pode ser intensa e extremament duradoura, mas "em pulsos", e até os filmes tem de saber dosar tal coisa.

Os grandes mestres da música fazem sempre isso, basta ver qualquer composição de Beethoven, nisto, um mestre entre os mestres, como a 5a, a 7a ou a 9a sinfonia, as quais destaco. Jamais caem no que em composição se chama, até adequadamente, monotonia. Chegam a alterar momentos de quase causar sono com explosões do que há anos li como "a energia beethoveniana" - e esta própria expressão, pelo seu impacto, marcou meu cérebro até hoje.


Conhecimento idêntico possuiam e possuem os grandes pintores, com suas explosões de cor ou um ponto de destaque em meio a um quadro monótono em colorido.

Uma característica que é de se destacar no cérebro humano é sua relação com o estado do corpo que coordena e do qual inclusive depende com a comunicação através da dor. Dor, geralmente, indica o limiar de um estrago ou a já ocorrência de um. Mas não além de um determinado limite, quando alguns mecanismos inclusive bloqueiam a dor, pois do contrário o estrago poderia ser ainda maior.

O uso de analgésicos tem o perigo do uso crescente e da dependência física, que a menor dor, passe-se a usá-los, e os receptores encarregados de tal sistema vão ficando cada vez mais sensíveis a qualquer dor, e a dosagem do analgésico passa a ser crescente.

Jerry Lewis foi viciado em analgésicos, assim como Matthew Perry, de Friends. Já uma primeira notícia sobre a causa da morte do "rei do pop", indica que talvez o uso de analgésico tenha sido a causa. Ainda não podemos dizer.

Mas independente deste resultado, sentir dor é um tanto bom, pois os momentos de alívio são uma grata recompensa, assim como um dia de trabalho ou uma sessão de exercícios intenso leva à um repouso mais prazeroso, assim como partes de filmes serem um tanto chatas leva a grandes momentos, pois nosso cérebro é uma máquina viciada no contraste.


Viram como é fácil através do contraste causar o máximo de impacto?

(A famosa mãe empalhada de Norman Bates, de Psicose, de Hitchcock, 1960, de onde se conclui que Bates era um psicopata, mas também um péssimo taxidermista)

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