segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Júnior", O Recalcitrante II

Borra de café, elefantes e tartarugas cósmicas




Como "Júnior" pediu, e a platéia mais ainda, "Júnior" leva...

(4) Não só anseio por serem apresentadas coisas que deponham contra o FATO da evolução, como igualmente anseio por apontamentos que coloquem em xeque questões menores dentro da evolução, como inúmeros mecanismos dentro de seus fenômenos, e confesso que tal causa interminável dor de cabeça aos cientistas. Aqui, nem limitemos o termo evolução ao biológico, mas expandamos o termos à maneira errônea dos criacionistas para a evolução do universo em sua composição e organização, que no gravitacional/eletromagnético costumamos chamar por agregação (os corpos celestes até determinada escala se formam apenas pelas forças eletromagnéticas, assim comos os átomos e as moléculas) e o evolutivo da Terra, que por comparações com o crescente conhecimento que absorvemos pela Astronomia, mais e mais se mostra sólido, na agregação de um disco nos planetas e no Sol, depois a condensação em planetesimais, estes em planetas, as fases de colisões intensas e até megacolisões (como as que formaram a Lua, ainda que o modelo e os processos não sejam plenamente entendidos).

Por outro lado, aliás, da trincheira fétida e mal protegida dos Criacionistas e outros pseudos, a formação miraculosa e instantânea, ou tempos bíblicos ou igualmente pequenos, ou a origem até alienígena de nossa espécie jamais teve/tiveram uma única vírgula de corroboração (não se assuste, o mundo dos pseudos é muito mais prolífico que Tolkiens, Lewis, Lucas ou Rowlins jamais puderam ser, até porque nem com mercado comprador e leitores/espectadores fiéis tem de se preocupar, basta a vítima, leitor incauto, que comprar a primeira brochura que encontrar pela frente e achar digna de ser folheada).

Antes de continuarmos para questão muito mais importante, alertemos que toda origem externa da vida, seja em qual forma, samambaias, minhocas ou macacos que pisem na Lua, pode ser demonstrada como sendo, quando nega o processo evolutivo num universo de idade finita, um criacionismo de algum tipo.

(5) Sobre este ponto, é de se entender o que sejam as bases mais amplas do processo evolutivo dos seres vivos como fato, e aqui, abordarei a questão por um caminho ligado à Filosofia, pela lógica aplicada, como já foi extensamente feito no século XIX, por SPENCER, principalmente, e antes dele por inúmeros pensadores, desde os gregos e até, sob determinados pontos, por DA VINCI, em especial na questão "idade do mundo", que abordaremos pelo lado de uma Física, mesmo que aos saltos, e chegaremos à conclusão não que as afirmações de DARWIN e todas as suas derivações são sólidas, mas que os Criacionismos, os Fixismos e outras visões não evolutivas dos seres vivos e do próprio universo são absurdas frente aos fatos.

Acréscimo: Aqui, nos atreveremos a criar (ARGH!) um neologismo, o ETERNISMO, que é afirmar que qualquer coisa, desde a vida até o universo em sua atual apresentação, seja eterno, em "tempo trivial". Ou seja, o universo como é sempre existiu, assim como nossa Terra e elefantes ou qualquer ser vivo sobre ela. Seria um tipo de fixismo amplificado. Curiosamente, o primeiro modelo cosmológico pós-relatividade, de Einstein, foi um eternismo.

Antes, como estava sendo devido, citemos o "grande" Olavo de Carvalho, e gargalhemos, já por antecipação pelo que cairá em sua cabeça:

"Quando Darwin ainda não existia nem como espermatozóide, Immanuel Kant já havia notado que toda teoria evolutiva das espécies animais esbarraria no problema das séries infinitas, insolúvel por definição. Os evolucionistas não perceberam isso até hoje, mas não estão nem aí. Para o seu nível de exigência intelectual, esse problema é demasiado “metafísico”."

(Sobre esta abordagem, meu amigo Eli Vieira, em outros tempos, respondeu por um viés biológico/bioquímico, que pode ser lido aqui: Duelo com Olavo de Carvalho.)

O Universo

Alguns raciocínios:

O universo se expande, isto é fato e evidente. Se expande-se, diminui de densidade, como o ar dentro de uma seringa com a ponta fechada que tem o êmbolo puxado. Se diminui de densidade, e é eterno, isto já o teria levado a se tornar um vácuo, portanto, não é eterno ou gera-se matéria nele permanentemente.

Notemos que se gera matéria permanentemente, o que é a base de cosmologias obsoletas como a Cosmologia do Estado Estacionário não é conservativo - ou seja, a quantidade de qualquer coisa que possua aumenta no tempo.

NOTA: Sua versão mais atual, a CEQE é o que chamamos de um modelo cíclico, embora continue não fazendo parte dos modelos cíclicos propriamente ditos, como o Steinhardt-Turok ou o Baum-Frampton, ou ainda o universo oscilante ou "grande rebote" (Big Bounce), pois estes aceitam o que seja o Modelo FLRW.

Como tudo na natureza se apresenta conservativa no seu quadro mais amplo, e jamais se evidenciou a formação especialmente de prótons na taxa que a "SS" (Estado Estacionário; aqui, a abreviatura da versão inglesa é ironicamente proposital, tal o fanatismo dos poucos personagens que a defendem), e muito menos as "estrelas geradoras"* que propunha, e o acúmulo esmagador das evidências pela métrica FLRW e da alteração da composição do universo no tempo fizeram a popularmente chamada Teoria do Big Bang prevalecer.


*Uma curiosidade: defensores da CEQE/SS afirmam que existem estrelas misteriosas que transformam continuamente fótons em prótons, mas não ceitam que no passado, o universo todo possa ter feito fótons e outros bósons ter se transformado em qualquer coisa, embora gritantemente, fótons já se transformam em elétrons e pósitrons em qualquer laboratório digno de Física.

Independentemente de questões sobre o que trato por "tempo trivial" e "tempo cosmológico", para didaticamente se entender o que seja o tempo que produz a expansão do universo e o que seja o tempo no qual somam-se os ciclos dos modelos cíclicos, as afirmações de Hoyle e outros, entram em contradição já com argumentos como o argumento cosmológico Kalam (ACK) que resumindo, pode ser apresentado por simples silogismos:

1)O universo existe desde uma eternidade.
2)Estamos num ponto do tempo no meio desta eternidade.
3)Para chegarmos aqui, passou-se um tempo infinito.
4)Mas um tempo infinito jamais passa, logo, (1) é absurdo e o universo e sua história tem um começo.

NOTA MENTAL: Traduzir o artigo da Wiki {{en}} para a {{pt}}, pois carecemos de uma leitura mais fácil.

Aqui, o ACK é brilhantemente comentado pelo professor Ernesto von Rückert - Tempo infinito para o passado.

Similarmente a outros argumentos metafísicos, o ACK busca infinitudes absurdas. Aquino, na Suma Teológica, o faz pelo "primeiro motor" e na "causa primeira", os quais apresentamos (observem os destaques em negrito):

Tudo o que se move é movido por outro*, se aquilo pelo qual é movido por sua vez se move, é preciso que também ele seja movido por outra coisa e esta por outra. Mas não é possível continuar ao infinito; do contrário, não haveria primeiro motor e nem mesmo os outros motores moveriam como, por exemplo, o bastão não move se não é movido pela mão. Portanto, é preciso chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro, e por este todos entendem Deus”.

Constatamos no mundo sensível a existência de causas eficientes**. É, entretanto, impossível que uma coisa seja sua própria causa eficiente, porque, se assim fosse, esta coisa existiria antes de existir, o que não tem nenhum sentido. Ora, não é possível proceder até o infinito na série de causas eficientes, porque, em qualquer série de causas ordenadas, a primeira é causa intermediária e esta é causa da última, quer haja uma ou várias causas intermediárias. Com efeito, se suprimirdes a causa, fareis desaparecer o efeito: portanto, se não há causa primeira, não haverá nem última, nem intermediária. Ora, se fosse regredir até o infinito dentro da série de causas eficientes, não haveria causa primeira, e, assim, não haveria também nem efeito, nem causas intermediárias, o que é evidentemente falso. Portanto, é preciso, por necessidade, colocar uma causa primeira que todo o mundo chama Deus”.

*FALSO! Os fótons estão em movimento independentemente de serem movidos, e estão numa deformação infinita de tempo e espaço, vide a Relatividade, e muito mais por aí vai, mas o que nos interessa no momento é que é uma premissa perigosa, para dizer o mínimo, e aqui, a crítica de Kant é devastadora, e a Física dos anos posteriores, destacadamente a Mecânica Quântica, só mostrou que o doutor da Igreja estava redondamente equivocado em sua precipitação, independente de mesmo se certo, provar uma causa, um motor, e não a divindade consciente cristã. (E mesmo Kant foi fulminado em seu absolutismo do que seja tempo, e aqui, como sempre repito, está a grandeza de Einstein, Poincaré e Lorentz, destacadamente o primeiro, para a Filosofia).

**FALSO! Os fótons surgem dos elétrons sem a menor razão (além de diversas outras emissões e absorções no subatômico), e nem se necessita disto. Haver uma causa para as coisas, um mecanismo, é um senso comum, na verdade, uma dogmatização fruto de nossa ignorância. A natureza age como bem entende, e para isso, recomendo ler meu outro texto: Mutações, radiações e aleatoriedade.

Talvez aqui o senhor Olavo de Carvalho tenha feito sua, digamos, peculiar confusão.

Portanto, o universo inteiro como hoje é não existe pela eternidade, e modificou-se no tempo, e se modificou em composição, densidade e temperatura, os elefantes não podem ter existido desde sempre, e em algum momento surgiram.

A Nossa Galáxia




Se o universo alterou-se em composição, e a partir de bósons, como os fótons, produziu as partículas que possuem massa, que chamamos de férmions, e nestes, os léptons, como os elétrons e os bárions, como os prótons, destes produziu átomos e destes estrelas (que na verdade, precisam inicialmente mais dos prótons sozinhos), estas estrelas formaram agrupamentos maiores, que são as galáxias.

Mas mesmo as galáxias não são nem mesmo "co-duradouras" com o universo, e se comportam como borras menores de café numa xícara, e modificam suas agregações, colidem e se recompõe em novas agregações. Assim, nossa própria galáxia é fruto de uma agregação e colisões de galáxias anteriores, e ainda mais o será no futuro, pois o universo se expande, os grupos de galáxias se afastam (pois sabemos por fé que as tartarugas onde se apoiam os elefantes que sustentam todos os corpos celestes se afastam ;) ), mas os grupos locais de galáxias se agregam e modificam-se (tartarugas cósmicas formam grupos sociais limitados, provavelmente induzidas pelos cósmicos elefantes ;) ).

Assim, nem mesmo as agregações maiores de estrelas são estáveis no tempo, e modificam-se em períodos de centenas de milhões e bilhões de anos. Giram as galáxias na escala de dezenas e centenas de milhões de anos e as constelações no firmamento modificam-se, pois as estrelas "dançam" em seu orbitar nas galáxias exatamente como partículas de café dançam nas manchas de borra de café no fluido onde estão.

Notemos que até agora, tempo bíblico de milhares de anos algum se sustentou, e nem mesmo, temos ainda um lote de terra onde nosso destacado elefante pise (embora, como sabemos por fé, a Terra se apoie em suas costas ;) ), quanto mais uma divindade exótica o faça surgir do nada (ou, para não ser MAIS cruel com esta bobagem, reúna o pó ao redor e o organize em tecidos, marfins, tromba e redondos pés, e escolha sua cinza coloração).

Para entendimento mais técnico do aqui apresentado, recomendo, ainda muito carente, em parte por culpa minha: Formação e evolução de galáxias.

Ou na sempre humilhante: Galaxy formation and evolution.

Seria bom destacar que o universo, em sua aproximada atual apresentação, já possui mais de dezena de bilhão de anos, sendo realmente diferente se pudéssemos vê-lo em seu passado, somente num período inicial, digamos, nos primeiros 3 bilhões de anos, e aqui, estou meio que "chutando" este valor, pois até mesmo os tipos de estrelas que se formavam eram um tanto diferentes. Mas para o período que posso dar certeza, estes 10 bilhões, sua aparência tem sido uma continuidade do que hoje vemos. E isto é mais que o dobro do tempo para o que apresentaremos a seguir.

O Sistema Solar

Lembremo-nos que citei que as estrelas hoje são praticamente todas de uma faixa relativamente estreita de tamanhos, mesmo havendo nisto desde as pequenas anãs vermelhas, nosso Sol e suas irmãs anãs amarelas e graduações de maiores até as imensas gigantes azuis. Mas notemos que mesmo nesta faixa, o que seja a distribuição de tamanhos colocará as menores em imensa maioria.

Num passado longínquo do universo, e mesmo de nossa então galáxia em modificação a partir de um estado aglomerado inicial, e não sua apresentação atual de 5 braços, alguns pontos de densidade maior e centro "em barra"*, havia uma população muito maior de estrelas enormes, convulsivas, como hoje pouco se vê, com valores de massa próximos e até temporariamente acima do chamado Limite de Eddington. Estas estrelas não duraram, ainda bem para nós e nossos amigos elefantes. E as gerações fruto de suas emissões de gases e outras agregações igualmente foram massivas e produziram novas e supernovas** que de suas respectivas emissões e destas agregações produziram o Sol (para alegria nossa e dos cósmicos quelônios, aqueles sobre as costas, apoiam-se os geológicos proboscídeos ;) ).

Aqui já estamos em 5 bilhões de anos atrás, e ainda os pobres elefantes não possuem um pingo de terra para por os redondos pés.

*E aqui a coisa é temerária, pois não sabemos com precisão como é nossa galáxia, da mesma maneira que uma abelha não saberia como é o enxame do qual faz parte, pois estaria dentro dele, mais tais dúvidas ou incertezas pouco interessam no ponto que estamos tratando.

**Graduação aqui é em suma uma bobagem, mas acredito que foi útil para entender o conceito.


A Terra

Produzido o Sol, e seu disco de agregação, e tudo mostra que todas as estrelas os possuem em inúmeras variações de tamanho e densidade, começa a agregação de nosso planeta, e tal se dá até com colisões violentas como as que formaram a Lua e mais e mais são evidentes.


Deixemos uma coisa bem clara: uma visão de uma Terra durante bilhões de anos em agregação, formada de rochas e metal fundido é obsoleta. Primeiro, agrega-se fria como os asteróides, após, aquece-se por colisões em período de grande dispersão/difusão de planetesimais (dos quais os asteróides e cometas e outros corpos gélidos ainda são restos) e aí solidifica a crosta, permanescendo o núcleo de maior densidade em aquecimento em parte dada a fissão nuclear e atrito fluido, e mantendo-se em lento esfriamento pela própria "inércia" térmica de sua escala e isolamento (lembre-se que qualquer camada significativa da Terra possui dezenas de quilômetros, quanto mais, milhares do manto).

Embora por fé saibamos que o centro da Terra é quente pois as costas dos geológicos proboscídeos seja incandecente ;) .

E após este períodos, tudo nos leva a crer que após este período de crosta fundida, e estéril, houve a produção geológica (sim, pois atmosfera e massas d'água são geológicos) e um período gélido, de glaciação total do planeta, tornando os processos da vida lentos (incluindo a evolução) assim como um congelador torna conservável alimentos por fazer as bactérias inativas ou extremamente lentas em seus metabolismos.


Mas as formas de vida são nosso próximo passo, embora, como vimos, após o esfriamento de uma fase estéril, por simples e óbvia temperatura superior à permissível à água líquida mesmo sobre as mais altas pressões, a vida é presente na geologia.


As Formas de Vida

Sejamos preguiçosos, mas honestos (e até pouco "falso-modestos", o único pecado perdoável, segundo o Cardeal Mazarino). Uma das vantagens de já ter-se escrito bastante é poder poupar páginas e páginas de escrita, e literalmente entupir meus leitores com coisas por ler, simplesmente citando artigos de minha própria autoria, que até demonstração em contrário, esfarelam esta argumentação até o pó, e finalmente, coloca não solo sob as patas de nossos elefantes, mas pegadas de elefantes e seus ancestrais sob nossa Terra.

Assim, boa leitura!



O básico de porquê a evolução é até um fato óbvio.

Obs.: E pasmem, lá está "Júnior", em sua cruzada infeliz, a lutar com palitos não contra mim, não nobremente como louco personagem contra moinhos de vento, mas contra os gigantes a lhe jogar muito mais que moinhos de vento de cima de inexpugnáveis fortalezas, pois convenhamos, 150 anos de biolgia já construíram uma estrutura inigualável na Biologia, pois nem mesmo a física, mais profunda das ciências popperianas, possui uma única teoria eixo que a unifique.

Logo, por essas, evolução, seja na forma que for, é fato, quanto mais a dos seres vivos, e criação, especialmente dos seres vivos, é mito, e deve ser enterrado junto com outras idéias primitivas e tolas.

Passemos o ítem (6) para a próxima blogagem, para formar um conjunto mais tratável e de leitura menos difícil, e colaborando por tentar levar um mínimo de método e coerência à verborréia de mais um criacionista, ao menos para massacrar-lhe.

Mas antes, sobre citação de Spencer, texto meu, que cabe aqui ser agora repetido:

Antes a dura realidade, a certeza da finitude, a convicção saudável da insignificância, a segurança do domínio de sua vontade limitada no universo do possível, que a crença tola numa divindade infantil e providente, traçada com os piores vícios dos ególatras, que deseja apenas a adoração e faz de seus tolos e estúpidos seguidores marionetes de um jogo insano, no qual palavras imbecis ditas em mantras desconexos passam a ter mais valor que o trabalho honesto.

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