quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mitocôndrias oxidam mais um pouco o D.I.

_
Rascunho meu para ser adaptado e ainda muito modificado para ser acrescentado no "já quase livro" sobre argumentos contra o D.I. (Refutações ao Design Inteligente) sobre o excelente texto

E a Biologia Molecular manda mais um cruzado de direita nos criacionistas...

do Blog RNAM de Rafael Soares e Gabriel Cunha - o qual modifico um pouco, por sua vez sobre o artigo "More 'Evidence' of Intelligent Design Shot Down by Science", escrito por Brandon Klein e publicado na Wired Science.



Em artigo da PNAS , Clements e equipe comparam as mitocôndrias e suas aparentadas bacterianas, demonstrando que os componentes necessárias para um maquinário celular particular já estavam presentes antes de qualquer mitocôndria vir a existir. Pelas evidências apresentadas pelos autores, foi apenas uma questão de tempo até que tais componentes se combinassem de modo mais complexo.

Clements, A., Bursac, D., Gatsos, X., Perry, A., Civciristov, S., Celik, N., Likic, V., Poggio, S., Jacobs-Wagner, C., Strugnell, R., & Lithgow, T. (2009). The reducible complexity of a mitochondrial molecular machine Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0908264106


Nota: As mitocôndrias são organelas celulares descendentes de bactérias que milhões de anos atrás foram "incorporadas" por células mais complexas. Isso foi proposto por Lynn Margulis, criadora da Teoria da Endossimbiose. Em pouco tempo essas bactérias incorporadas se tornaram estruturas realizadoras de processos fundamentais para as funções celulares.

Porém existe um entrave nesta hipótese de pré-mitocôndrias. Elas não poderiam ter sobrevivido em seu novo "lar" sem um maquinário protéico chamado TIM23 (um complexo enzimático da membrana interna da mitocôndria que pode ser visualizado em amarelo, na imagem abaixo) [Nota 1] que realiza o transporte de proteínas para dentro das mitocôndrias. As bactérias ancestrais não possuem o complexo TIM23, o que sugere que tenham sido desenvolvidas já nas mitocôndrias, posteriormente.



Nota 1: Recomendamos


Isso nos conduz a um dilema do tipo "Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?": como poderia o transporte de proteínas ter evoluído quando as proteínas eram necessárias para a sobrevivência, no primeiro caso?!


De acordo com a teoria evolucionista, no entanto, a complexidade celular É redutível. É necessário somente que os componentes existentes sejam recondicionados, com mutações inevitáveis promovendo ingredientes extras à medida em que são necessários. Os flagelos, propulsores similares a cabelos usados por bactérias para locomoção, são outro exemplo. Seus componentes são encontrados por toda a célula realizando outras tarefas.

O design inteligente já utilizou os flagelos como "evidência" de sua teoria, assumindo que o mesmo seria uma estrutura irredutível, o que foi posto por terra de acordo com fatos científicos, como pode ser lido nesse artigo da revista New Scientist.[Nota 2] Esse estudo utilizando mitocôndrias faz o mesmo em relação ao transporte de proteínas.

"Essa análise de transporte de proteínas nos fornece uma marca para a evolução de maquinários celulares em geral," escreve a equipe liderada por Trevor Lithgow. "A complexidade dessas máquinas não é irredutível."


Nota 2: Recomendamos:


Quando analisaram os genomas de proteobactérias, a família que deu origem aos ancestrais das mitocôndrias, a equipe de Lithgow encontrou duas das partes protéicas utilizadas pelas mitocôndrias para fazer o complexo TIM23.

As partes estão na membrana celular bacteriana, localizadas de modo ideal para o eventual papel de transporte protéico feito pelo complexo TIM23. Apenas outra parte, uma molécula chamada LivH [Nota 3], poderia fazer um maquinário de transporte protéico rudimentar - e (surpresa!) essa molécula é comumente encontrada em proteobactérias.

Nota 3: Recomendamos:



O processo pelo qual partes são acumuladas até que estejam preparas para se juntarem num complexo é chamado pré-adaptação. É uma forma de "evolução neutra", na qual a construção das partes não fornece nenhuma vantagem ou desvantagem imediata. A evolução neutra encontra-se fora das descrições de Darwin. Mas quando as partes são juntas, mutações e a seleção natural podem se encarregar do restante do processo, resultando, em último caso, no agora complexo TIM23.

"Não era possível, até hoje, traçar qualquer uma dessas proteínas até seu ancestral bacteriano," diz o biologista celular Michael Gray, um dos pesquisadores que originalmente descreveu as origens das mitocôndrias. "Essas três proteínas não possuíam exatamente a mesma função nas proteobactérias, mas com uma simples mutação puderam se transformar numa máquina de transporte de proteínas simples, que pode dar início a tudo."


"Você olha para maquinários celulares e diz, porque a Biologia faria algo assim?! É muito bizarro," ele diz. "Mas quando você pensa sobre o assunto à luz dos processos de evolução neutra, em que essas máquinas emergem antes que sejam necessárias, elas fazem sentido."

Colocado no blog ótimo dos Biólogos:






A diferença entre um idiota e um gênio é que há um limite à genialidade. - Einstein







Anexos




D.I. - Literatura de refutação

Colaboração de meu amigo Fábio. Algumas refutações já publicadas:



O crente insiste 2

Aqui, a inesquecível capa do primeiro álbum dos Beastie Boys é utilíssima como imagem representativa do desastre que é a "falácia do Boeing de Hoyle". 

Seguidamente, criacionistas e outros não entendem que a Falácia de Hoyle tem certas implicações lógicas.

"Falar que HOYLE DEFENDIA o DI é o CUMULO."

1) Se a falácia de Hoyle implica em que aminoácidos não podem pelos processos naturais formar moléculas complexas, como poderiam então se formar se não fosse por uma ação externa?

2) Se é ação externa, e gera a organização que Hoyle exige, como não poderia ser inteligente?

3) Se é inteligente, como não poderia por "crescendo infinito" chegar a uma divindade? [Nota 4]






Toda ironia advém da desgraça alheia. - Mark Twain, que eu parafraseio dizendo que muita arte irônica advém da estupidez alheia.


Nenhum comentário: