quinta-feira, 29 de março de 2012

Mostre-me o universo... III

e digo que lá não está o deus cristão

3a Parte - Aparentes racionalidades e "monstruosidades linguísticas"



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Antes de atirar a flecha da verdade, mergulha-a no mel. - Provérbio Árabe
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Partes anteriores desta série


1a Parte - Esperneios de Olavo de Carvalho


2a Parte - Requentados "argumentos" teleológicos


De Lendo no Escuro, de Seamus Deane:

-Conhece a piada do detetive esquimó?

Ele pergunta para o suspeito: "Onde é que o senhor esteve na noite de 21 de setembro para 21 de março?"


(Conte esta sempre que um criacionista começar com o belo papinho irritante dos 'seis dias'.)


[...]

Q1 - Quanto tempo uma pulga leva para atravessar a nado um barril de piche?
R - Estação da Rua Amiens.


Q2 - Quantos anjos podem se equilibrar na cabeça de um alfinete?


Q3 - Quando falamos em espíritos, supomos uma existência vital, corporal, antes do estado de espírito. Então, que ou o que o espírito santo era antes se ser um espírito?


Na primeira, não entende-se a resposta. Na segunda, não entende-se a validade da pergunta. A terceira não tem-se a resposta.


Existe, portanto, o racional, o irracional e o não-racional.



Um professor de estudos religiosos, na obra citada.



Da mesma obra, frase de um pitoresco personagem, "Joe Maluco":

Tempus está fugitando...


Disto façamos um pouco de um "exercício linguístico", pois mais que isso, Metafísica em certos moldes sérios jamais será.

Seguidamente, crentes apelam para um discurso de que deus está "acima e além da lógica e da razão". Uma ideia não racional de deus, como visto no diálogo um quanto nonsense acima. Deus coloca-se assim, repitamos, além da lógica e da percepção - já que obviamente, se fosse perceptível, ninguém teria fé, e sim, sua percepção pelos sentidos, como temos de um elefante ao avistá-lo, de uma tuba pelo seu som ou de uma panela quente por sua temperatura.

Ora, Brahman dos hindus também é tratado além de toda a percepção, pois a tudo compõe, e além de toda a lógica, pois a lógica operaria em nosso cérebros, que são compostos dele, então como não seria ele a divindade concluível? Ou nosso sagrado róseo-invisibilíssimo U.R.I., esta ironia que considero tão útil para derrubar certos argumentos simplórios?

Uma inquestionável prova de Brahman na natureza, o símbolo "om" gravado por cristalização numa pedra [SARCASMO].


Mas percebamos que coloca-se 'além da percepção'?

(Embora um bom número de esquizofrênicos maiores e menores, famosos e anônimos, desde o "grande Moisés" até o pirado de uma praça de qualquer cidade, desde o tempo mais remotos da Bíblia, o tenham visto e ouvido, o que contrariaria, biblicamente, o próprio crente que coloca sua divindade como imperceptível!)

Então como é afirmado "ser sentido pelo crente"? 


Em tempo: Por qual sentido? Dentro de sua mente? Como expressa isso? Como tal se manifesta?

Mas retornemos algumas frases, e percebamos que sendo não lógico, como raios poderia ser concluível, como nos fazem lembrar permanente e irritantemente com suas "requentadas" de Tomás de Aquino, Anselmo e meia dúzia de pensadores menores e até simples "pastores de palestras" recentes, como Craig?

São Tomás de Aquino, Notre Dame de Paris.


Podemos nos dispensar de estudar o "racional" sobre deus, pois a própria afirmação do crédulo o contradiz. E digamos que tenhamos momentaneamente esquecido tal, apoiemo-nos nos ombros de Kant e Hume, e todos os críticos de 'metafísicas de cunho ocidental' e suas "conclusões" sequer por uma ordem sobrenatural no mundo, quanto mais por uma divindade consciente, e muito menos por uma providente, justa e amorosa, e abandonemos este terreno árido e infértil.


Detalhemos: Ora, se deus é irracional, pelo próprio termo, nenhum afirmação racional, conclusiva de sua existência, pode ser feita sobre ele, pois seria um contradição clara, nem falemos dos non sequitur típicos.


Estudemos o "não racional" sobre deus.

Similarmente, o não racional não permite que seja racionalizável, o que me parece evidente, gritantemente evidente.


Notemos que mesmo dentro de uma "lógica de terceiro incluído", com uma posição média entre irracional e racional, ficaria ainda com as características de ambas, e o estado deste deus "parcialmente racionalizável" e "parcialmente ilógico" (que me parecem expressões sinônimas) continuaria idêntico em inconcludência com o que até aqui temos.

O mesmo poderíamos colocar num triângulo entre racional e irracional e "não racional".

Observação: Alguns discursos do crédulo, por mais apto que seja, sempre caem, e me parece afirmar isto mais que seguramente, em "monstruosidades linguísticas". Basta ver para contraste a beleza de uma "demonstração à maneira de geometras" de um Descartes ou Espinosa, para termos a diferença entre aquele que honestamente crê, com poderosas técnicas de lógica e discurso, com o que quer defender o indefensável - pois sempre pretende não uma "razão no mundo" - à maneira de Descartes, ou uma "demonstração do ser simultaneamente constituidor e regulador", como o excomungado judeu.

Assim, mais uma vez, U.R.I. neles! (O cacófato leve aqui foi, garanto, absolutamente proposital.) Pois, sobre certas premissas, U.R.I. tem tanta racionalidade e irracionalidade quanto uma divindade assim descrita, com discurso tão volúvel entre duas contradições.

Resumindo a talvez confusa questão acima:

1) Se deus é uma questão racional, teria de ser logicamente demonstrado, o que por n vias se mostra uma impossibilidade.
2) Se deus é uma questão irracional, não pode ser defendido por argumentos antigos, baseados em lógica e apenas sustentado até por frases simples como "nele creio". O que pode levar claramente, parece-me, à questões completamente contraditórias com os fatos.
3) Se deus não é racional - suportando-se aqui o dilema que isto não seja sinônimo de irracional - então a única opção continua sendo a fé.

Assim, e nos orgulhamos disso, se é completamente não tratável com coerência nem em suas qualificações dentro do que seja racionalidade, U.R.I.! Pois pelo menos, não ficamos presos a uma moralidade do mundo afirmada como emanada de tal divindade hebraica única, que não se evidencia, nem mesmo em seus seguidores, e muito menos, nos vermes que devoram qualquer pequeno natimorto de qualquer espécie, inclusive, a da mãe que consegue crer por pura necessidade de uma proteção inexistente, no seu desespero de sobrevivência, típico de seu cérebro e mente pouco aprimorada - como todo humano.



Para se entender que a ideia de um deus hebreu como original de uma divindade monoteísta não é exatamente como que é descrita pelos teístas cristãos, especialmente os mais fervorosos e irritadiços, recomendo a leitura, ainda que da não tão sólida fonte:


Neste texto, são citadas as referências:



Perdoamos uma criança que tem medo do escuro. A tragédia é quando os homens têm medo da luz. - Platão


Agora, rumemos para algo mais que prático, sobre solidíssima ciência e simplíssimos fatos, que talvez, até agradem ao crédulo.



Comunhão molecular com o "Senhor Jizuiz"



Lembro de um cálculo de meu professor de Química de minha 2a série do 2° grau, que mostrava como comungamos com Jesus ao respirar.

Deixemos Francisco, O Herege a apresentar os cálculos:

Ouvi, óh hereges que me seguem, e divulgai, pois exatos serão o números e lógicas serão as questões!

Digamos que Jesus tenha expirado em seu último suspiro 400 ml de ar, que certamente não continha adicional CO2, pois sabemos que Jesus não colaborou com o quecimento global, na sua divina perfeição.

Cada 22,4 litro de ar contém aproximadamente 6,02 x 10^23 moléculas dos seguintes gases: 78% de N;, 21% de O2; 0,934% de argônio e 0,039% de CO2.

Observação: o ar dos tempos de Jesus continha menos CO2, mas não perturbai os cálculos do Herege, infiéis!

O último suspiro de Jesus, teria, então, aproximadmente 2,408 x 10^23 moléculas.


Como a área da superfície terrestre é de aproximadamente 511,2 km², a atmosfera, como uma camada que pode ser aproximada como tendo 8 km de espessura, esquecendo-se que possui um gradiente de rarefação que vai até torná-la irrespirável para humanos e outros seres vivos por longos períodos de tempo pelos 8 km de altitude, teria aproximadamente 4,09 bilhões de km³ de volume.


A atmosfera teria, então:


4,09 x 10^9 km³ x 10^9 metros cúbicos/km³x1000 Litros/m³ = 4,09 x 10^21 L


Que resultaria em 1,099 x 10^44 moléculas.


Assim, após mais de 2000 anos, cada uma das moléculas de ar expiradas nos últimos momentos de nosso Senhor Jizuiz em seu martírio na cruz estariam diluídas em uma fração de 7,58x10^-4 de 22,4 Litros, ou 0,01698 Litros ou ainda, 16,98 mL.


Ou seja, a cada 17 ml de ar que respiramos, comungamos com o último suspiro de Jesus.

Mas tremei, pois o Herege irá mais longe! E diz que não só em cada respiração comungamos com Jesus mas comungamos com sua primeira urina!


Familia Santa - Angolo Bronzoni




O volume de água no planeta é de 1,39 bilhão de km³. Este volume corresponde a 1,39x10^18 m³, que é igual a 1,39x10^21 Litros, que é igual a 1,39x10^24 mL. 

Cada 18 mL de água contém 6,02x10^23 moléculas de água (não torturai a paciência do Herege, óh infiéis da aproximação em Química e Física, com questões de temperatura e densidade!), de onde temos 4,649x10^46 moléculas de água na Terra.


Consideraremos que a primeira urina de jesus teve um volume de apenas 1,8 mL, pois em sua perfeição, o menino deus não daria trabalho e incômodo para sua mãe primata pelada, ainda mais depois de jornada tao difícil e noite tão atribulad, em busca de uma pousada! Com isto, teríamos 6,02x10^22 moléculas.


Assim, após mais de 2000 anos, cada uma das moléculas de noso Senhor Jizuiz estaria diluída em 7,7722 x 10^23 moléculas de água, o que corresponde a pouco mais de 23 mL.


Assim, em cada copo de cerveja, água mineral ou mesmo, uma dose de minhas sagradas vodkas (que contém uns 60% de água, seguidamente menos), comungamos com o Senhor Jizuiz, já em sua primeira urinada!

 Palavra do Herege, palavra de nobre e sagaz matemática e estequiométrica salvação, 
mas, por favor, após as cervejas, não atrase a fila e não retarde a herética micção!


Wissen ist Macht - Conhecimento é poder, em alemão


Vítimas de outra Vítima



Um tanto atrasado, mas julgo que certos casos goizam de uma certa intemporalidade, pois são o permanente do humano.

O recente caso, dito como inédito, do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, pelas implicações com o que seja a mente humana e uma certa relação com religiosida (pois possui) levam-me a colocar um breve leitura sobre o recente caso, dito como inédito, do massacre realizado por Wellington Menezes de Oliveira na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, sendo um complemento a minha série A Origem...de muitos erros, ao ponto Macaquinhos esquizofrênicos cercando inocentes Alices e ao texto Inteligência III - Apontamentos e divagações sobre moral.



Obs.: Digo "dito como inédito" pois a única coisa que o diferencia de matanças de famílias, dois ou três colegas de trabalho, etc, é simplesmente a escala e o cenário, casos que todos os dis fazem a alegria (perdão, mas é esse o termo) dos jornais do tipo "Diário Sangrento", que atupetam, inutilmente os fóruns de nossas cidades. O porquê do 'inutilmente' será apresentado adiante.

Há sempre um fator de responsabilidade dos familiares, e até de sua religiosidade, se exacerbada e de determinadas teologias apocalípticas, que não percebem as tendências do futuro autor de tais atos e não o encaminham para tratamento...ou internação.

Nota: Um membro da família adotiva de Wellington afirmou que após os ataques de 11/09/2001 ele afirmou desejar "derrubar um avião" ou devaneio similar.



Obs.: Devaneios sãos, amigo leitor, você e eu teremos se sentarmos e começarmos a divagar sobre filmes de ficção científica que poderiam ser escritos ou sobre grandes fábulas morais com índios brasileiros. O devaneio, em si, não é algo patológico. Os maiores escritores de fantasia os possuíram e possuem até por necessidade. Dali e muitos outros surrealistas os expressavam em tintas e materiais a esculpir. O "pequeno problema" é que com raras exceções, os grandes produtores de devaneios não enfiaram mais que uma faca na própria orelha.

Tenho a coragem de afirmar que discordo da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (autora de Bullying Mentes Perigosas Nas Escolas), pois ao ser apenas uma personalidade esquizóide que chegou ao surto psicótico, Wellington poderia, por exemplo, julgar poder voar sustrentado por Allah, ou ainda atear-se fogo protegido pelo mesmo e, até simbolicamente, saltar em chamas de um dos inúmeros prédios prédios com nomes árabes de nossas grandes cidades, ou ainda, o mesmo, em protesto, de uma de nossas maiores igrejas.

Mas o que o coloca "comum pé" na psicopatia é a realização de ato cruel contra seus semelhantes, coisa que percebemos ser distinta dos inocentes e inofensivos esquizofrênicos em discursos insanos de nossas praças, incapazes de fazer mal a um cachorro de rua.

Obs.: Para nossa sorte, seus discursos foram salvos em vídeo, e permitiram análise por inúmeras autoridades do meio.

Mas percebamos que o infeliz possuia um curiosa moral em seus atos, como no caso em que alertou um um garoto "gordinho" que este seria poupado.

Logo seus atos tinham uma lógica, um método, e não eram dotados do caos típico dos esquizofrênicos e psicóticos.

Além disso, não tratou-se de um pulso (no sentido associado ao termo em física) de fenômenos de delírio, e sim do planejamento demorado e meticuloso, treinamento com os carregadores rápidos de revólver, estes já caracterizando uma logística, e não do ato brusco e imtempestivo, típico dos psicóticos, de pegar o 'martelo de bater bife'  (por exemplo) e matar a mãe por esta "estar possuída por demônios" (caso exemplar, ocorrrido em Canos-RS, nos anos 90).

Nem tampouco o segurar um galho de árvore, e afirmar ser a sagrada bandeira de São Jorge e afirmar ser o detentor de sua sábia mensagem, e subir ao monumento da praça, nu, e pregar às multidões, imaginando um caso típico de delírio religioso.

Então, na minha leiga análise, trata-se de um elaborado delírio místico, o rompimento com a moderação de uma vítima de bullying e um tanto de psicopatia, pois os atos finis não lhe trouxeram proveito algum (lembrando que gosto e prefiro sempre diferenciar o que sejam psicopatas de sociopatas, pelo menos com útil uso dos termos, com respectivamente, como exemplos máximos, Jack "O Estripador" e Adolf Hitler).

O mais triste é que se sobrevivente, Wellington seria claramente inimputável, e nenhum juiz, acredito, aceitaria a argumentação de um promotor pelo seu encarceiramento em cumprimento de pena. Se só esquizóide, seu problema seria basicamente cerebral/mental, logo, a receber tratamento. Se psicopata com traços de esquizofrenia e psicose, totalmente incapaz de se ressocializar e aprender com seus erros. Assim, Wellington é uma pobre vítima de uma variedade de circunstâncias, que infelizmente, nos seus processos mentais, produziu lamentáveis vítimas.



Embora aqui não enverede propriamente pelo científico, tentarei manter a questão em aspectos técnicos e não políticos.


É triste ver políticos afirmarem que o caso nos remete a necessidades de medidas de segurança contra o terrorismo. Terrorismo seria eu entrar com um cinturão com quilos de explosivos feitos no quintal num prédio da receita federal e explodir-me em protesto contra a carga tributária.

É também triste ver autoridades afirmarem que o caso remete ao controle de armas ou medidas de segurança pública. Personagens do tipo de Wellington poderiam entrar numa creche e matar crianças de berço com uma escova de dentes com o cabo afiado (aliás, o que fazem apenados nos EUA e outros países, em penitenciárias de alta tecnologia). O ato insano é imprevisível pela simples razão que é insano.


É igualmente triste ver autoridades afirmarem que o bullying é a origem de tal ato. Certa professora minha, a respeito deste triste caso, afirmou que sendo pequena e ruiva, sofreu bullying, e sua personalidade apenas se fortaleceu. Agradeço cada dia que lembro pelo bullying que sofri, e atribuo muito de minha fortitude e tenacidade nas tarefas que empreendo a este período de minha juventude: pequeno, mais jovem que a maioria de meus colegas, e como diria, "neurocineticamente ainda imaturo".

A atriz Kate Winslet agradeceu em público pelo bullying que sofreu.


O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. - Nietzsche


Logo, não é o bullying da coletividade de uma escola, a esquizofrenia, a psicopatia pura e simples, o pequeno criminoso que vende a arma,  internet e seus recantos mais sombrios que leva a um infeliz perturbado e delirante sacrificar um grupo de crianças. É o mesmo conjunto de n fatores, estocasticamente conjugados e combinados, ao longo de uma malha de fatos, preocupações infundadas e indiferenças perigosas, atitudes e desprezos, atos e respostas, ações e reações que levaram esquizofrênicos como John Nash ou Bispo do Rosário à genialidade, ou garotas gordinhas ao estrelato, reconhecimento e fama. A vida humana é um caos em processo, e não uma obra de engenharia de variáveis simples.

O relojoeiro não só é cego, mas anda por passos trôpegos.




Olhei para o céu através da fumaça cheia de gordura humana e Deus não estava lá. A escuridão fria e sufocante prossegue eternamente, e nós estamos sós. Vivemos nossas vidas por não termos nada melhor para fazer. Inventamos uma razão depois. Nascemos do esquecimento, criamos crianças tão condenadas ao inferno como nós. Voltamos ao esquecimento. Não há mais nada. A existência é aleatória. Não tem nenhum padrão, salvo aquele que imaginamos depois de encará-la por muito tempo. Nenhum significado, salvo o que escolhemos impor. Este mundo sem leme não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus quem mata as crianças. Não é a sina que as esquarteja ou o destino que as dá de comer aos cães. Somos nós. Apenas nós. - Alan Moore, em Watchmen.

Who honors those we love for the very life we live? Who sends monsters to kill us. And at the same time, things that will never die. Who teaches us whats real, and how to laugh at lies. Who decides why we live, and what we’ll die to defend. Who trains us, and who holds the key to set us free. It’s you. You have all the weapons you need. Now fight! - Zack Snyder, diretor de Watchmen - o filme , em Sucker Punch, seu filme de 2011, nitidamente inspirado por Alan Moore.



Algumas pessoas são pontes em nossas vidas, outras são barreiras. (Mimi Matt)



Auroque e carneiros chifrando criacionistas

Criacionistas insistem numa permanente falácia (para não dizer e já dizendo irritante mentira) que constitui a conhecida, após se mostrar a modificação de uma espécie, como os bovinos:

-Ah! Mas continuou vaca!

Mas sempre cito que existem vacas sem chifres, e caprinos com quatro chifres. Estes exemplos de modificações que são gritantemente radicais, mostram primeiramente que as espécies não são fixas, e se não são fixas, modificações de uma espécie ancestral, com características primárias das atuais, por modificações radicais assim, mesmo que em pequenos passos, levarão à espécies tão distintas quanto exatamente são, hoje e já há um passado remoto, os bovinos, os ovinos e os caprinos.

A raça Manx Loaghtan (www.ansi.okstate.edu).

Para entender esta, diria banalidade do processo evolutivo, basta comparar, mesmo aos olhos leigos, os crânios de bovinos, ovinos e caprinos.



Atrevo-me: mesmo dentro da argumentação - no fundo errônea - de distinção entre microevolução e macroevolução, as microevoluções acumuladas levarão ao que seja definido como macroevolução.


Para saber mais sobre uma raça de ovinos de quatro chifres mesmo em território brasileiro e mais um tanto sobre tais animais:

Nogueira Filho - Cocorobó


Sobre a raça Manx Loaghtan,



Manx Loaghtan - www.ansi.okstate.edu

Já o auroque (Wikipedia "PT", "EN") , grande bovino selvagem de onde derivaram os demais bovinos que hoje mostram a imensa variedade que hoje temos, e permanentemente surgem, sua existência não é confirmada por Paleontologia apenas, por fósseis, e sim, por relatos e documentação histórica.

'Bos primigenius', ou 'Uro', surgiu no norte da Índia há dois milhões de anos (Foto: The Art Archive / Musée des Antiquités St Germain en Laye / Gianni Dagli Orti) - almoxarifadoempoeirado.blogspot.com.br


Acredito que não necessitaria mostar imagens de vacas sem chifres, pois mesmo o mais urbano dos criacionistas as conhecem. Mas neste caso, claro que continuou uma vaca! Perdão, um tanto de sarcasmo, que será melhor entendido quando um criacionista, após ser-lhe apresentados estes argumentos simples, afirmar:

Ah! Mas continuou o baramin de todos os bovídeos!

E assim ad infinitum, ad eternum, ad nauseam, muitas vezes em AD BERRUM (direitos a meu amigo Ravick) como de costume.

Juro! Mais uma vez, não resisti.

Nenhuma conclusão agrada mais ao ceticismo do que a que revela a debilidade e a estreiteza da esfera racional e das capacidades humanas. - David Hume


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quinta-feira, 22 de março de 2012

"Evolucionismo" e Economia



Um prólogo

De um antigo debate - no Orkut, lamento, tema mais que sério, em rascunho para algo ainda mais sério.

Infelizmente, se perceberá no texto que o "debate" (percebem as petulantes e necessárias aspas) nasce de um peculiar "criacionista marxista", algo contraditório para qualquer análise. As frases deste personagem foram preservadas e destacadas em itálico.

Obs.: Embora, deixemos claros, no passado já tenham havido marxistas fixistas, anti-darwinistas 'por tabela' e até defensores de um universo e até a Terra eternos, sem qualquer aspecto de modificação no geológico, sem falar da vida sobre esta. Lembremos que este anti-darwinismo marxista levou nações comunistas, no século XX, a desastres agrícolas, de produção pecuária e ambientais, pois não só em biologia coisa alguma faz sentido a não ser à luz da evolução, mas sem sua luz, os processos produtivos relacionados com o biológico, assim como o ambiente onde tudo ocorre, inclusive nossas primatas vivas, ficam às sombras.


Notem as aspas no título, pois sejamos diretos, não existe um "movimento" por divulgar-se e sustentar-se o fato da evolução e sua teoria modelo. São os simples fatos e utilidade da teoria que nos levam a defendê-lo e sustentá-lo.




A questão




ashaguzy.blogspot.com


Há aqueles personagens que associam perigosamente a Economia de Sistema Capitalista, mais simplesmente, o Sistema Capitalista, ao dito "darwinismo", neste, especialmente, a seleção natural.

Evolução, e até a Biologia, não relaciona-se com a Economia, muito menos no Capitalismo, melhor dizendo, Sistema Capitalista.

O mecanicismo de proliferação de bactérias, por exemplo, num substrato, será modelável pela simples abundância de recursos, o seguir de uma curva S, com uma fase de crescimento exponencial, que já está desde o início condenada a apresentar uma flexão para uma fase de desaceleração e porteriormente decadência.



Não há ação racional nesta atividade, pois sua própria ocorrência a condena à morte.

A coisa se equilibrará, em quadro mais amplo, quando entra o que chamamos de Ecologia. Aí, o sistema, como um todo, será sustentado, na verdade, diretamente pelo Sol, e pouquíssimo pelos geologismos (fontes geotérmicas).

E aí o processo é aleatório/estocástico.

Na Economia, a tendência é, para o próprio equilíbrio do sistema, as relações entre capital-trabalho-natureza serem harmoniosas, logo, conduzidas pelo racional.

Assim, não será a sobrevivência do mais apto, mas no final, a sobrevivência do que busca o maior ganho para si (Adam Smith) que simultaneamente busca o maior ganho para toda sua sociedade (Equilíbrio de Nash).



Na amortização das tendências "predatórias" no econômico, entra o estado, que a tudo tem de regular, e tal se dá pela lei, que por sinal, é a imposição, se justa, dos interesses e necessidades da maioria.

Os modelos guardam alguma similaridade, mas somente "até ali". Logo, lá em cima, deve-se repetir, corrigindo:

Evolução, e até a Biologia, relaciona-se com a Economia, até nesta com o Capitalismo, o Sistema Capitalista, apenas em algumas nuances.

Obs.: A partir daqui, em itálico, afirmações de um exótico "criacionista de esquerda".

Que o sol seja uma analogia para o estado.

Então não entederam lhufas. O Sol é no máximo, para a Economia, uma analogia com os recursos da natureza.

O Estado equilibraria a economia tal como o Sol equilibraria o Ecossistema.

Novamente, o personagem escreve bobagem. O Sol abastece, predominantemente, a Terra de energia. Não equilibra coisa alguma, aliás, o sistema solar é na verdade, caótico.

Novamente, recomendo, de minha autoria:



Observações: E há uma certa perda tendenciosa de calor/energia da Terra para o espaço, que se não fosse os geologismos e a vida, acarretariam um resfriamento global terrível, coisa que já ocorreu em nosso passado, na hipótese hoje mais que sustentada da "Bola de Neve".

Recomendo: Escurecimento global / Terra bola de neve - Wiki pt e humildemente, do mané que vos escreve: Efeito estufa

Não veem  como a busca do maior ganho para o indivíduo seja paralelo à busca do maior ganho para toda a sociedade.


Aqui, tem de ser. O equilíbrio de Nash mostra isso, matematicamente, de onde se afirma que Adam Smith estava errado.



Apontam para esta argumentação a enorme quantidade de abusos cometidos em nome do lucro, e atitudes humanitárias que não são motivadas pelo lucro.

Esta afirmação me faz rir, pois com isso afirmam que a melhor opção é tender-se a um comportamento pelo equlíbrio de Nash.

Que Darwin, vivendo numa sociedade que se estrutura assim e sabendo disso, estruturou uma forma de pensar o mundo análoga e a projetou na natureza.

Tolice enorme. Ciência natural é a interpretação dos fatos. Quem fez uma analogia com o biológico, e tentou levá-la para o social, foi Spencer, que foi grande em muitos campos, mas aqui, fez besteira. O "darwinismo social" é uma tolice sob e sobre n análises

Os cientistas que viviam naquela época (o tempo de Darwin), tornaram o evolucionismo hegemônico, e não o fato de ele ter muitas evidências em seu favor.

Tolice novamente. Tornou-se hegemônico pois modela de maneira esmagadoramente confiável o comportamento dos seres vivos no tempo. A seleção natutral, por exemplo, é visível em qualquer jardim.

Esse pode até ser o caso hoje, mas não era no momento da origem.

Afirmação precipitada dos criacionistas. Mesmo com a carência da genética, nenhum argumento ou evidência apontava já para o fixismo das espécies. O restante, o posterior, só veio completar o modelo, e não falseá-lo.

Na medida em que a população mundial vai rejeitando progressivamente o sistema capitalista com movimentos de esquerda, o "darwinismo cairá".

Aqui vale uma de minhas frases gritadas QUE B...* É ESTA? (aqui, neste blog, diremos "tolice")

A marcha da economia é, coligada com o político, a social-democracia, e esta sempre opera dentro do sistema capitalista e com um alto grau de liberalismo. Este tipo de pensar (comunismo=cristianismo=criacionismo biblicista) cai no vazio. A começar, pois tenta apresentar o mundo econômico com nuances do capitalismo selvagem, vitoriano, e ele é, hoje, basicamente, tendente ao equilíbrio de Nash.

Repetimos: O maior ganho para o indivíduo se dá quando ele busca o maior ganho para si E para sua sociedade. Vide as nações mais ricas e socialmente equilibradas da Terra, os países nórdicos.

E os movimendo de esquerda são ambientalistas.

Ambientalismo não é dicotômico com o sistema capitalista, nem correlato com o comunismo/socialismo. Falácia da falsa dicotomia.

(Tratei disto extensivamente em: A falácia do capitalismo como antiecológico)

Mais cedo ou mais tarde é possível que nossa sociedade se reestruture para funcionar numa lógica bem mais cooperativa.

O Equilíbrio de Nash novamente.

Nesse caso, Darwin irá “reencarnar” e criar uma teoria “brilhante”, embora com poucas evidências em seu favor, baseada na cooperação, projetada da organização social.

Biologia não é Economia, só lamento. Mas visões, especialmente de escala micro, como da sobrevivência das corporações, são fortemente hoje pela "Economia Evolucionária", da 'seleção do grupo mais apto', que é ligado à eficiência e qualidade. Mas limita-se aí. (Notemos que em outrostermos, já afirmamos isso.)

Recomendo: Economia evolucionária - Wiki pt

Observação: Na verdade, comportamentos altruístas de diversos animais são estudados na Biologia, e  desenvolveram-se e desenvolvem-se (como sempre, dentro de uma visão evolutiva da vida, os processos são contínuo) por mecanismos modificação, descendência e seleção natural, não sendo tal comportamento uma característica exclusiva da racionalidade humana, que nem sequer é, hoje, sob toda a análise, a única existente.




E essa teoria será usada para avaliar os fatos e reinterpretá-los.

Não nos molde que os criacionistas julgam, como vimos. Criacionistas tem uma imensa dificuldade em entender que ciência não se afirma 'a verdade', pela falseabilidade, mas também, sempre se aproxima dela, estruturando-se mais e mais, daí afirmamos que "ciência é força destruidora". Em contrapartida, como Asimov afirmou: Os criacionistas fazem parecer que uma teoria é algo que você sonhou depois de ter ficado bêbado a noite toda.

Este raciocínio criacionista seria uma cadeia de implicações lógicas, como pode-se perceber.

Percebo que criacionistas, como o que gerou o debate que produziu este texto, tentam tratar com argumentos até simplórios questões muito adiante de sua capacidade de análise e cultura sobre o tema.

Devo a todos, até hoje, um longa explanação sobre a arrogância patológica dos criacionistas.

Não existe pensamento externo ao contexto sócio-histórico.

E que em nada corrobora com o discurso criacionista, que na verdade, é um amontoado de devaneios, com um pé no infantil, ainda que emoldurados com alguns conceitos até que bem construidos. Mas percebamos que, curiosamente, a construção da moderna Biologia, da geologia, até da Arqueologia, da origem do universo, na Cosmologia, e dos astros, na Astrofísica, é exatamente a afirmação de que não exista pensamento externo ao contexto social-histórico, que num determinado momento, permitiu que mitos da Idade do Bronze fossem modelo de entendimento sobre o mundo, a vida, e sua história.

O fantástico é que neste "enrolês" todo, o leigo pulou o detalhe que a natureza se lixa para ética, que é, sob toda a análise, e desde Kant a coisa só tem piorado, uma construção cultural humana.

Mais uma vez, a Economia pode ter modelagens similares às evolutivas, mas "somente até ali", pois a Economia, igualmente, é um construção cultural humana, até pelo estabelecimento do conceito de valor, que é atributo cultural, inclusive, dentro da Teoria Econômica (que não é uma teoria científica em sentido popperiano).

Explico, antes que surja alguma afirmação por "valor trabalho". Aqui, também os marxistas erram, ao tentar desprezar os fatores culturais e "de gosto", ou "desejo", como atribuidor de valor, e inclusive, a questão de que moral é relativa a fatores culturais, como por exemplo, a prostituição, a monogamia, etc, e suas relações com os fatos econômicos e com os valores monetários que se atribuem aos bens e serviços.

Aqui, Teoria Marginalista na Economia, desmascara tais mistificações, e mais uma vez, uma associação entre o econômico e o biológico podem ser feitas, mas limitadamente, e uma fusão completa é impossível.

A ética humana é, sob também toda a análise, um contructo cultural com vias ao melhor para a coletividade.
De certa maneira, é uma contraposição a uma seletividade totalmente biológica, e aqui, retorno a Kant, com a questão dos "universais".

Recomendo: Guido Antônio de Almeida; Sobre o princípio e a lei universal do Direito em Kant ; Kriterion vol.47 no.114 Belo Horizonte Dec. 2006.



Apelando para o que chamo de um ad hitlerum inverso, a eugenia típica do nazismo levaria a uma seletividade total da espécie humana para a etnia ariana, e isto, podemos dizer, "seria biológico".

Mas observemos, que exatamente pelo processo civilizatório, as diversas etnias opostas (e mesmo as subdivisões dentro da própria etnia!) se uniram, e basicamente por motivos que no fundo são econômicos, para se opor ao que redundaria numa tirania - de grupo minoritário, mesmo que cercando um indivíduo.

E aqui, mais uma vez, o equilíbrio de Nash, mesmo nas entrelinhas, se manifesta, e isto, que na 2a Guerra, nem era conhecido, e imperava o individualismo de Adam Smith como motor "máximo e perfeito" do sistema capitalista.

Os processos econômicos, e até os históricos, não são propriamente biológicos, até porque o humano separou-se, pelo seu próprio processo civilizatório, do processo evolutivo das outras espécies.

Repitimos, irritantemente: os modelos são similares, mas não propriamente aplicáveis a pleno, num campo e no outro.




Perdão, realmente, não resisto.

Anexos


Uma pequena irritação

Aqueles que me conhecem pela internet, sabem que tenho um alterego, "Francisco, O Herege", um pregador beirando o delirante (embora um iconoclasta com as pregações alheias).

De uma das esparrelas deste personagem:

O Herege, invariavelmente, entrando no debate dos outros de voadora no meio da cara, com sua sutiliza típica de um rinoceronte com overdose de anfetaminas.


"nós que cremos e somos cristãos sabemos quão maravilhoso isto é em nossas vidas e vivenciamos constantemente as ações dEle em nosso meio." - Afirmação de um cristão da internet

Fantástico é que esta bobagem, que apenas mostra um delírio místico de uma classe de "iluminados" (no caso, somente eles, óbvio), é escrita, sem o menor pudor e vergonha na cara, exatamente uma linha após afirmar-se que deus não pode ser provado (afirmado pelo próprio crente, num momento de sanidade), mas nesta mesma bobagem, surge miraculosamente que deus tenha ações que sejam detectadas, curiosamente, somente pela classe de "iluminados".

Haja, perdão, saco, com crentes e seus "milagres pessoais", quando não, em grupo, de preferência, a família do crente, até um bando de crentes, ou em histeria coletiva, num amontoado de crentes, de preferência, no cinema de calçada falido e agora reformado, mais próximo de sua casa.

Não conseguem nem regenerar o dedinho minguinho perdido de um bebê e arrotam milagres ao mundo, que nada mais são que começarem a parar de fazer m...* (digamos, aqui, estragos) com suas vidas, normalmente, cortando a cachaça, a p...* (digamos, aqui, a maneira dos crentes, "uma certa vida luxuriosa"), a droga até então preferida ou parando de roubar o cristão mais próximo, quando não, apenas se dedicando ao trabalho honesto.

E chamam esta simples e medíocres manifestações de mínima coerência e trivial vontade de "deus", e para este fantasma infantil e providente, berram mantras exóticos no pior dos estilos psiquiatricamente desequilibrados.

Sim, sou um chato do c...* (digamos, aqui, porrete), no limite do insuportável, e sádico ao ponto de expor, em poucas linhas, a tola fé alheia no que realmente é: uma superstição primitiva.





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quinta-feira, 15 de março de 2012

Astronômicas distâncias


Retornando ao texto Propulsão por faquires e astronômicas distâncias:

Agora, para não ficarmos na enrolação literária barata, vamos aos números:


Vamos imaginar que estamos numa nave espacial que escapa da Terra a iniciais 10 km/s, e acelera-se, poupemo-nos de sofisticadíssimos cálculos, em saltos no qual multiplica-se sua velocidade por um fator de 10.


A uma velocidade de 10 km/s, chegaríamos à Lua, distante na sua menor distância da Terra (perigeu356.577 km, em pouco menos de 36 mil segundos, ou pouco menos de 10 horas. Nada que já não tenhamos feito no projeto Apollo, apenas aqui considerando a trajetória como completamente reta, logo, a mais curta possível.






Agora, passemos a uma velocidade de 100 km/s, que apenas buscamos atualmente com nossos propulsores iônicos.


Estando a Terra numa distância máxima do Sol de 152 098 232 km e mínima de 147 098 290 km, e Marte a uma distãncia mínima de 206.669.000 km, e Vênus a uma distãncia máxima de 108 942 000 Km.


Teríamos aí entre 54,6 e 39 milhões de quilômetros para percorrer, o que nesta velocidade, daria de uns 4,5 a 6 dias. 






Observe que estes meus irritantes "mínimos e máximos" são devido a Vênus estar "para dentro" do sistema solar, e Marte, "para fora", em relação á Terra.


E tal diferença nem sei se é possível ser obtida geometricamente, pois dependeria das elipses que são as órbitas da Terra e de Marte e Vênus, o que deixaria para meus amigos Astrônomos e outros aficcionados, que entendem disso imensamente mais do que eu, ficando, aqui, apenas com números ilustrativos e mais que aproximados.



Aqui, os filmes "gêmeos" Planeta Vermelho e Missão Marte nos dão um mostra do problema, sem falar, é claro, de nossas missões já numerosas e em ritmo crescente a estes planetas.


Aceleremos agora para 1000 km/s, e repitamos a jornada da nave Discovery One, de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, repetida no resgate pela nave soviética Alexei Leonov de 2010: O Ano Em Que Faremos Contato até Júpiter.






Aqui, já enfrentaríamos distâncias que seriam de 800 milhões de quilômetros, e pelas proximidades do que poderíamos percorrer, poderíamos até desprezar a nossa já chegada em Marte, quando percorremos apenas 1/16 avos da distância. Nesta velocidade, distante ainda muito de qualquer tecnologia que hoje temos, levaríamos 9 dias para alcançar o gigante gasoso.


Elevemos agora nossa velocidade para 10 mil km/s, onde garanto, alguns efeitos relativisticos já poderiam ser percebidos pelos mais atentos.


Repitamos aqui, a jornada de aproximadamente 4,5 bilhões de quilômetros até Netuno, do filme O Enigma do Horizonte. Aqui, levaríamos nesta velocidade pouco mais de 5 dias.



Até o momento, parece que não temos problema algum com tal engenho em relação a nossas vidas humanas, mas as coisas, garanto, se complicarão.

Passemos a nos descolar a 100 mil km/s, onde, desculpem, mesmo o mais distraído perceberia que algo está "newtoniamente errado", a começar, quando recebesse comunicações de sua família, com deformações mais que perceptíveis no tom de voz de sua esposa/esposo ou filhos.

A partir daqui, usaremos a medida da unidade astronômica, UA, que é  medida aproximada da distância da Terra ao Sol.

Visitemos os mais distantes corpos do sistema solar, como Éris, com um periélio de 38.2 UA, praticamente o mesmo que temos de distância de Plutão do Sol, e um afélio de 97.6 UA. Nesta velocidade, percorreríamos tais  distãncias em períodos agradáveis de 16 a 40 horas, não muito mais que nossos mais longos vôos e conexões para percorrer de avião toda a Terra.



Chegamos agora no momento de esquecer a Física, e partirmos para a ficção, e dispormos de propulsores como os do mundo imaginativo de Star Trek, e termos uma primeira velocidade "superlúmica" de 1 millhão de km por segundo (apenas pouco mais de 3 vezes a velocidade da luz).


Para chegarmos aos confins do material orbitante do Sol, a hipotética nuvem de Oort, já a 50 mil UA, quase um ano luz. Para chegarmos lá, na velocidade que agora estamos, levaríamos quase 87 dias.






Aceleramos agora para 10 milhões de km/s, e rumemos para Alfa-Centauro, que até as baratas de qualquer    planetário sabem que é a estrela - na verdade, é um conjunto de estrelas - mais próxima de nós.


en.wikipedia.org - Alpha Centauri


Como devem perceber, estamos seguidamente já colocando os resultados de nossa viagem em dias, e portanto, transformemos nossas velocidades para km/dia ou "km/d". Estamos a 36 bilhões de km/h, o que corresponde a 864 bilhões de km por dia.


Os 4 anos luz até Alfa-Centauro são iguais a 37.900 bilhões de km, numa notação um tanto errônea, mas que facilitará nossos cálculos. Levaríamos, assim, uns 1050 dias para chegarmos lá, e conhecermos aquele complexo sistema triplo de estrelas, sabe-se lá com que confusão para nossos padrões de corpos celestes orbitantes de suas estrelas.


Alfa Centauro. Mal se percebe distintamente as duas estrelas maiores, formando um forma levemente alongada. Na medida que as distâncias se tornam estelares, mesmo nossas melhores imagens dos corpos celestes passam a ser bastante frustrantes. - iconlab.com.ua.

Para as estrelas mais próximas da Terra, teríamos valores que se tornariam esta jornada não muito diferente de nossas grandes navegações, de chineses e europeus, da Idade Média e Renascimento.


pt.wikipedia.org - Estrelas proximas


www.cosmobrain.com

Mas até aqui, percorremos apenas dezena de anos luz, e para um volume maior de estrelas, ainda na casa da centena de anos luz, ainda levaríamos, mesmo a 100 milhões de km/s, tempos de mesma monta.


O "problema", é que agora, para volumes ainda maiores, já na espessura da galáxia, o tempo, mesmo para velocidades crescentes assim geometricamente, não mudaria.


Alguns episódios das diversas séries do mundo de Star Trek abordaram problemas desta natureza.


Assim, detalhemos, milhar de anos luz estabilizaria nosso tempo de jornada em 1 bilhão de km/s nos mesmos poucos milhares de dias.


Atropelando números que só se tornariam tediosos, mesmo a 100 bilhões de km/s, duas grandezas acima, só iríamos de ponta a ponta de nossa galáxia de "um milhão de trilhões" de km de diâmetro em cento e poucos dias.


Mas rumemos para Andrômeda, a galáxia mais significativa e mais próxima, a 1 trilhão de km/s, ou algo tão inimaginávl até para n mundos de ficção científica quanto 0,1 ano-luz por segundo. Até nossa grande galáxia vizinha, a 2,5 milhões de anos luz, levaríamos 289 dias.


Nas distâncias galáticas, nossas observações, mesmo para uma galáxia tão próxima quanto Andrômeta, já mostra as estrelas, aos bilhões, como uma difusa e indistinta, ainda que brilhante, nuvem de poeira.

Agora, "chutando o pau da barraca de vez", peguemos o universo em sua maior escala, e façamos alguns cálculos rápidos, até para cortar a tortura que acredito que estou fazendo com quem me lê.


O universo tem um 'diâmetro' de uns 75 bihões de anos-luz. 


Repare-se as aspas acima. Este valor, seu real significado e como é calculado, não será aqui discutido.


pt.wikipedia.org - Universo observavel - Tamanho


O universo só é representável em três dimensões de uma maneira incompleta, discotrcia, ou por razoáveis projeções típicas da Cosmologia, não é uma "esfera", e obviamente, jamais poderia ser um "cubo". Assim, não leve a imagem acima muito a sério. Ela, na verdade, não representa externamente coisa alguma, ainda que a "estrutura tal como esponja" em seu interior seja real. - G. L. Bryan, M. L. Norman, UIUC, NCSA, GC3 - www.windows2universe.org

Assim, 75 bilhões de anos-luz a 1 ano-luz por segundo levaríamos quase 2400 anos para percorrer.


A 10 anos-luz por segundo, uns 240 anos. Até nossa espectativa de vida aqui ficou para o futuro.


Não só estamos ainda na infância de nossa civilização (Arthur C. Clarke) como na margem de um oceano cósmico (Sagan), como nem sabemos minimamente nadar nele com nossos infantis movimentos.




Anexos


Tabelas e calculadora


Para uma planilha com distâncias, velocidades e tempos de viagem, talvez útil para escritores de ficção científica: Tabelas

Obs.: Algumas inconsistências devem-se a arredondamentos e "transferências", futuramente, a serem corrigidas.

Para uma calculadora que resolva qualquer cálculo para colocar-se em textos sobre o tema: Calculadora

O trabalho de Ole Rømer

As distâncias astronômicas são tão grandes que já no século XVII permitiram a Ole Rømer calcular com base num "retardo" na observação dos eclipses de Io, satélite de Júpiter, apontar para o erro então vingente de que a velocidade da luz poderia ser infinita (pois já se sabia que seria superior a 10 mil km por segundo, vide o histórico disto em Big Bang, de Simon Singh) como calculá-la com relativa precisão.



Recomendo: Medida da velocidade da luz. Procedimento de Roemer - www.fisica.ufs.br



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sexta-feira, 9 de março de 2012

A ilusória isolada criatividade II

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Em complemento a um ponto importante, a inexistência de criatividade isolada, de A Origem... de muitos erros, abordando o quanto somos bombardeados por memes da cultura pop, em citações recorrentes.

Ao assistir já o trailer de Tron, O Legado, algumas imagens já me motivavam a escrever este texto quando de sua inicial confecção, e hoje, sobremaneira, ao ir assistir John Carter, novo filme "pipoca" da Disney, do mesmo diretor do ecologicamente corretíssimo Wall-E.



Ainda mais, pois recentemente, reli Cosmos, de Sagan, onde ele trata de Marte associando com suas lembranças de adolescente tendo lido "Uma Princesa de Marte", e o contraste com o deserto sem vida que naquele planeta viu, quando participando da equipe das missões Viking.

As contracapas das edições no brasil de "Uma Princesa de Marte", de Edgar Rice Burroughs, em livro, já trazem a citação de quanto Avatar  foi inspirado por este, pelas palavras do próprio James Cameron [REF 1], mas deixemos para outra blogagem, e após um número significativo de pessoas já ter assistido o recém lançado filme, para tratar de Barsoom ... perdão, Marte e o que John Carter, uma bela fantasia, pode nos trazer de divulgável no científico, ainda mais depois das notícias sobre o "vermelhinho" nestas últimas semanas (ver Extras).

REF 1: “With ‘Avatar,’ I thought, forget all these chick flicks and do a classic guys’ adventure movie, something in the Edgar Rice Burroughs mold, like John Carter of Mars.” (The New Yorker, October 26, 2009) - thejohncarterfiles.com




Assim, aqui e agora, só tratemos de mente e o processo criativo, que é ilusório.

As citações na cultura pop de obras agora já clássicas tem se tornado uma constante, e como já citei, um das alvos, melhor dizer, das fontes mais fecundas tem sido a obra de Kubrick, tanto em 2001 - Uma Odisséia no Espaço, quanto em Laranja Mecânica.

Os pisos e até o design básico da mobília do "quarto da evolução" (uma liberdade minha em nomeá-lo) de 2001 são repetidos mais uma vez.



Um certo ar "70s" também faz parte deste reciclo de ideias.


Mas um certo personagem me perturbou, pois sabia que existiam referências na cultura pop, a repetição de um determinado visual, em suma, "o assessor careca com aparatos na cabeça".


Lembrando o que tratei sobre as falhas da memória e os mecanismos que fazem "cair seus dominós", zapeando pela maratona de Star Wars, no episódio 'A Ameaça Fantasma', deu-me "o estalo", e acho que encontrei, após uma rápida pesquisada na internet. Notemos que sem nem mesmo ter assistido então ao 'Império Contra-Ataca'.



Aceito que talvez aqui tenha, como se diz, "forçado a barra". Mas convenhamos que quando a coisa se trata da similaridade entre: dono de restaurante/dono de 'disco', que possui suas instalações no último andar de um edifício (que no caso de Matrix é o 101°, uma alusão a natureza binária de seus personagens e talvez uma citação da sala das piores torturas de 1984 de George Orwell), e que é francês/britânico, além de estar entre os mais antigos programas, e evidentemente um personagem traiçoeiro, a coisa começa a ser um tanto complicada de ser negada.


Mas podemos acrescentar a questão de que suas roupas dândi e a bengala, e as afirmações que coloco inicialmente se completam.



Acredito que não necessito tratar da grid de Tron, a matriz onde se operam os eventos de seu digital mundo, e a ilusória Matrix, que ilude os humanos para que se tornem apenas pilhas.

Porém, acho interessante ver que o plástico no aspecto e onipresente fluorescente brilho do primeiro Tron tornou-se similar ao devastado "deserto do real" de Matrix*, até mesmo no tempestuoso céu sempre escuro. O que aliás, inspira-nos a afirmar que cada vez mais buscamos escape num mundo do ilusório, devido ao quase tédio que se mostra o mundo frente aos produtos culturais como o cinema e os videogames.




*-Welcome to the desert of the real. - Morpheus para Neo em The Matrix - Reality sucks in the multiplex

Até as ambientações em "espaços reais" para filmes tem sido baseadas na representação que chamaria de "subúrbio deprimente" de Matrix, que na minha opinião, tem origem em Dark City (Cidade das Sombras, 1998, IMDB).



Que aliás, em diversos outros pontos, é opinião dividida por mais pessoas: Matrix vs Dark City, ou, mais dinamicamente, The Matrix vs. Dark City (na verdade, eu recuaria a questão ainda um pouco mais, como nós, fãs de Ghost In The Shell, já sabemos, Matrix VS Gits (Ghost In The Shell) ).

Chego a dizer que já chegamos a era das "derivações das associações", pois até produtos derivados e em paralelo seguem as citações:

Vídeo de Daft Punk de uma das músicas ('Darezzed') da trilha sonora de 'Tron, O Legado', e 'O Segundo Renascer', de Animatrix.


Evidente que certas citações recentes, até em produções infanto-juvenis (como alvo principal), como Wall E, tem feito o que chamaria de uma "memeficação" da imagem do mal, do traidor, do tirano, do covarde, etc, assim como do ambiente dito mais futurista ou mesmo o mais aterrorizante. Um exemplo que já citei é o do robótico/eletrônico olho vermelho



Se ainda não fui aqui convincente, mais alguns exemplos.




Em conversa com meu amigo Eduardo Valim, homem então do meio livreiro e escritor, iniciei com a 'ironia das 16 únicas histórias originais', e ele as reduziu a apenas duas. Mas as citações - assim como evidentes cópias de estilo e estrutura - que classificaria como leves são bem toleráveis e até divertidas contra as que considero plágio puro e simples, como entre Duna e A Batalha de Riddick - não que este filme seja ruim em si e de todo, muito menos não seja divertido e bem acabado, mas é uma, na gíria de quem gosta de cinema e outras artes populares, "uma chupação", e isto que nos interessa aqui..


Lá estão as castas, os "feudos", um messias, uma certo contexto religioso (inclusive uma guerra religiosa), povos com determinadas características, até mesmo as "marcas de fidelidade", apenas mudando da testa para o pescoço. Está inclusive a "medievalização", uma grande estética gótica, típica do mundo da novela de Frank Herbert*, completamente diferente do estilo "futuro no meio da sucata" do primeiro filme do assassino Riddick, Pitch Black (Eclipse Mortal, 2000, IMDB). Claro que lá também estão os mesmos erros em Física de ficções que não se interessam por evitar este tipo de falha, ao contrário de ficções como as de Isaac Asimov e Arthur C. Clarke.

* A meu ver, claramente trazida de Edgar Rice Burroughs e posteriormente levada para o filme John Carter, sem falar da mais que óbvia carência de água pelo planeta.

Somos uma espécie possuidora de um cérebro obcecado por criar arquétipos e ícones, em criar representatividades universais de nossos elementos culturais mais básicos, até para facilitar o que ainda apenas uma evolução de nos reunirmos ao redor de fogueiras, e talvez antes carcaças, e contarmos grunidas histórias e estórias.



Reality vs Surrealism (http://www.freakingnews.com/Freak-Show-Pictures----2923-0.asp).


Apenas somos uma certa evolução com um inadequado sentido de "melhoria" daqueles grunidores de histórias e estórias, carregados agora sobre os ombros de realmente poucos criativos gigantes do intelecto humano, desde o primeiro de nós que inventou como nos associarmos aos lobos para caçar, como costurar peles com agulhas de osso, como fazer lanças com pontas de chifre, muito mais perfurantes que pedras, passando, nos últimos milhares de anos, por arquitetos de pirâmides, construtores de arcos, os pais da Matemática, formuladores de equações em Física, incontáveis campos que constituem o homem atual, incluindo, neste tempo todo, os mais originais e revolucionários artistas.










Somada a este comportamento de cópia (perdão, mas o termo é exatamente este), temos um mecanismo cerebral de reconhecer padrões, que odeia a distribuição caótica das coisas da natureza, uma tendência incontrolável à pareidolia, palavra resultante da junção do termo grego para , junto a, ao lado de, e eidolon, imagem, figura, forma. Vemos rostos em nervuras de madeira, rochas, folhas no chão, e ampliamos este tipo de comportamento nato até para o reconhecimento de imagens religiosas em mofo de paredes, gordura e refrações de vidros, etc.




Até no nosso ambiente doméstico podemos ter simpáticas visões deste comportamento profundo de nosso cérebro.



Ou acrescentamos como mais que suspeitas evidências para nossas mais pitorescas pseudociências, e aqui, por suprema ironia, no mesmo Marte que serviu de cenário para a fama e fortuna de  Edgar Rice Burroughs.



A moléstia da incapacidade de reconhecer rostos é chamada prosopagnosia,  dos termos gregos prosopon (face) e agnosia (o não reconhecer).


Interessante leitura: Thomas Grüter; O mundo das pessoas sem rosto






Um excepcional material adicional

Mas agora, para terem um quadro amplo, bem fundamentado e visualmente destruidor da argumentação sobre criatividade acima, recomendo:




E os vídeos:

Everything is a Remix Part 1: Watch It Now

Everything is a Remix Part 2

Everything is a Remix Part 3

Everything is a Remix Part 4

Não horrorize-se. Divirta-se! Esta é a espécie um tanto repetitiva da qual você pertence. ;)


Extras

I

Mortais acelerações

Falando em erros em Física, um ponto que lamentei em Tron, O Legado*, é a não mais realização de curvas em 90°, em perfeito e impossível ângulo reto das "motos de luz" e veículos, que exatamente caracterizava aquele mundo como virtual. Agora, as motos realizam movimentos suaves, mais próximos dos objetos de nosso tedioso mundo físico. O conceito associado ao termo suave é, inclusive da matemática - função suave.

*Além de obviamente não ver necessidade num mundo digital, não realista como o que tem de ser em Matrix e numa passagem em Ghost in the Shell 2: Innocence (IMDB, 2004), portanto, chuvas, raios (Blade Runner?), nuvens e até mesmo rochas são fora de contexto e até julgaria uma infantilidade.


Um corpo qualquer, evidentemente com massa, para modificar sua direção em perfeito e pontualmente mutante ponto/vértice, necessitaria desacelerar numa taxa infinita, logo uma frenagem infinita, causado por uma força contraria infinita, para todos os pontos de sua constituição, e instantaneamente, partir em nova direção, em velocidade igual a anterior, logo, novamente em aceleração infinita, igualmente, produzido por uma força infinita.

Estamos aqui falando da inércia, que foi pensada erroneamente por Aristóteles mas corretamente por Mozi, um filósofo chinês, nascido mais de 21 séculos antes de Newton, que escreveu:

O cessar de movimento é devido a oposição de força... Se não há força em oposição... o movimento nunca irá parar. - Wiki en

Observe-se que fótons, quando mudam de meio, alterando sua velocidade, alteram esta instantaneamente, não havendo aceleração alguma envolvida, e exatamente por isso, fazem ângulos, sem curvas de qualquer suavidade. Aliás, como diria meu professor de Física III no básico de engenharia, Plínio Fasolo: Qual seria o sentido, similarmente, de informação mudar gradualmente de velocidade?



Acrescento: Para ilustrar esta questão, esse professor apresentava didaticamente que "fofoca" se transmite mais rapidamente entre italianos* que entre japoneses, conhecidos pela sua discrição. Mas a velocidade da fofoca não se acelera na transição de um grupo para outro, ela simplesmente muda de velocidade.

* Acho eu que era esse o povo, mas como descendente destes, aceito o exemplo.

Mesmo para questões mais próximas de nossa Física, as acelerações muito altas são fatais, até pela sensibilidade a altas acelerações/desacelerações (em Física mais formal esta barra e esta diferenciação não existem nem são necessárias). Tanto que os mais avançados caças exigem de seus pilotos alto treinamento e trajes especiais para não desmaiarem. Na verdade, há tempos a engenharia aeroespacial superou os limites do corpo humano.

Aqui, como um exemplo de erro em Física de um autor de ficção científica, em De la Terre à la Lune, de Jules Verne coloca o lançamento de uma expedição a Lua por meio de um canhão. Se a velocidade de fuga (ou escape) da Terra é de 11,2 km/s*, a aceleração dentro de um cano de canhão de 270 metros de comprimento seria, relembrando a Física de secundário:

x = x0 + v0.t + a.t²/2  , sendo x0=0, x=270 m e v0=0,

270=a.t²/2   .'.  a.t² = 540 [1]

E

v = v0 + a.t , sendo v0=0 e v=11200 m/s,

11200 = a.t   .'.   a= 11200/t [2]

Substituindo [2] em [1]:

(11200/t).t² = 540  .'.  11200.t = 540  .'.  t=540/11200 =~ 0,0482 s

Substituindo este valor em [2] tem-se que a =~ 11200/0,0482 =~ 232296,3 m/s² ou, dividindo pela nossa habitual aceleração gravitacional, 9,8 m/s^2, uns 23,7 mil Gs. Só para se ter ideia do absurdo que é isso, os astronautas do projeto Apollo enfrentavam acelerações desconfortáveis de 4 Gs (Wiki en). O que o canhão de Verne conseguiria, lá pelos primeiros instantes da aceleração no cano, seria obter patê de aventureiros.

Obs.: Perceba-se que mesmo que a aceleração num canhão assim construível fosse variável ao longo do cano (como são as acelerações nos canhões), ainda sim o valor acima seria um valor médio, e os máximos valores seriam muito superiores a este assim calculado, e igualmente, teríamos o desagradável patê de astronautas.

Por isso mesmo, a aplicação de canhões, mesmo se viáveis em construção, foi demonstrada como impraticável para o uso em viagens tripuladas por Konstantin Tsiolkovsky, já em seu trabalho de 1903 The Exploration of Cosmic Space by Means of Reaction Devices. 


Pelo motivo de aceleração, projéteis lançados de canhões mas com orientação posterior ao disparo, como o estadunidense Excalibur, necessitaram de desenvolvimento de circuitos e componentes eletrônicos resistentes às acelerações.


Não por isso, iniciativas como o Projeto HARP, de Gerald Bull, deixaram de demonstrar a possibilidade concreta de colocação de pequenos satélites por meio de canhões, além do seu uso, mais rústico e dependente de orientação, para abater mísseis balísticos com projéteis de artilharia.




Para mais informações, Richard K Graf; A Brief History of the HARP Project.

* E assim se manteria aproximadamente até o final de um canhão deste comprimento, pois só cai para, digamos 7 km/s lá pelos 9 km de altura, pois a aceleração gravitacional diminui com a altitude.

Uma boa referência: Emerson L. Gelamo, Rogério V. Gelamo; ESTUDO DE LANÇAMENTOS REAIS DE PROJÉTEIS UTILIZANDO PLANILHAS DE CÁLCULO


II

Recentes notícias de nosso vizinho vermelho:

Embora com um destaque exagerado na manchete para a relação disto com possibilidade de vida em Marte, em português:

Já chegamos ao ponto de monitorar Marte não só para eventos de natureza "geo"lógica (note as irônicas aspas), mas também, dos fenômenos de sua atmosfera:

Podemos não ser animais muito criativos no aspecto artístico, mas nossa criatividade aplicada cumulativamente em nossos esforços de engenharia, com foco em ciência já dá o esboço de que em breve, os habitantes de Marte seremos nós, e talves alguns lá até o chamem, por pura tradição e homenagem ao grande autor de aventuras, de Barsoom, talvez menos por colocar Marte na imaginação de muitos, incluindo Sagan, mas por ter sido quem primeiro colocou primatas com mais sentimentos de afeto que muitos humanos, em Tarzan.



"John Carter of Mars", por Julie Bell e Boris Vallejo, imagem que marcou minha adolescência e sempre mantive associada à série Cosmos.


Não seria nada mau como realização para uma espécie tão copiadora, no fundo pouco criativa e que não pode olhar para praticamente coisa alguma sem ver rostos, na ancestral angústia por achar seus semelhantes, com os quais, por incontáveis vezes na nossa história, foi tão pouco gentil.
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