domingo, 4 de maio de 2014

Algumas reflexões sobre o câncer do Diabo-da-tasmânia


De meu amigo Ramon Bernardes Assunção.

Câncer é uma doença que atingi muitas espécies, e em determinados casos pode vir a ser uma doença transmissível. Como está a ocorrer desde de 1996 com os famosos Diabos da Tasmânia.
O diabo da Tasmânia é um mamífero marsupial, endêmico da ilha da Tasmânia, Austrália. É o maior marsupial carnívoro existente, após a extinção do tilacino.
No início do século XX o diabo foi visto como incomodo, sendo-lhe atribuído a morte de filhotes de bovinos, sendo então caçado ou envenenado nas fazendas. Em decorrência disto, houve significativa diminuição da população deste animal. Em 1941, a espécie foi oficialmente protegido e seu número começou a aumentar. Até que em 1996 houve um caso de neoplasia transmissível, que se espalhou pela população de diabos.
O tumor que vem se espalhando entre os diabos-da-Tasmânia se originou em um único espécime que o disseminou há 15 anos. Em ambiente externo, as células morrem rapidamente. Assim, as células tumorais podem se transferir de um indivíduo para o outro só se forem injetadas diretamente no corpo do receptor. Essa passagem ocorre facilmente nos diabo-da-tasmânia porque o tumor, que libera células com facilidade, cresce no focinho e é transportado rapidamente a ferimentos, quando os animais contaminados mordem outros durante combates ou disputas sexuais.
Na maioria das espécies, a entrada das células tumorais no corpo receberia uma vigorosa resposta imune, pois a composição genética das células difere das do hospedeiro e sinaliza, assim, a presença de um invasor. Isso não acontece com o diabo-da-tasmânia – cuja maioria é semelhante geneticamente (devido ao efeito fundador, onde os poucos indivíduos que foram para a ilha, não representavam o total do pool genético da espécie). Embora o sistema imune dos animais possa destruir os patógenos, ele ignora as células tumorais, que aumentam rapidamente. Por fim, o câncer mata os hospedeiros, mas muitos vezes após os animais terem passado a doença para outros.
Até o momento se conhece três tipos de neoplasias transmissíveis:

  •         Tumor facial do diabo-da-tasmânia (DFTD), transmitido por mordidas.
  •         Tumor venéreo transmissível canino (TVTC) em cães, transmitido sexualmente.
  •         Sarcoma contagioso reticular do hamster-sírio, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti.

Aprofundando no tumor, as pesquisas desse tumor indicam que ele começa nas células protetoras dos nervos, células de Schwan. A neoplasia iniciaste com pequenas lesões e nódulos dentro e ao redor da boca (lábios e mucosa oral) e rapidamente se desenvolve em grandes tumores na face, pescoço e ombros, disseminando-se por metástase para vários órgãos. Os diabos infectados morrem por septicemia derivada de infecção secundária, inanição ou falência múltipla dos órgãos em 3 a 8 meses após o aparecimento das lesões.
Devido ao tumor fêmeas de diabo, que antes tinha sua idade fértil entre os 2 e 3 anos, agora já se apresentam sexualmente maduras com 1 ano, em decorrência do tumor.
Alguns pesquisadores identificaram um grupo da espécie, que apresenta indícios de ser imune ao tumor. Esta colônia se localiza a noroeste na ilha, e caso seja confirmado, pode ser uma esperança para salvar a espécie. Devendo é claro produzir uma vacina para o resto da espécie, pois salvar só essa colônia, é apagar o fogo com só um balde. Pois devido à baixa variabilidade da espécie, e de extrema importância salvar o maior número de espécimes possível. Para não ficarem vulneráveis a doenças.
Algumas medidas adicionais estão sendo tomadas para salvar os diabos, entre elas é a criação em cativeiro, e o transporte deles para um santuário na Austrália, longe dos possíveis contágios. Tendo como reserva, caso os da ilha se extingam.
Além do câncer o diabo tem que enfrentar espécies invasoras (como a raposa marrom), atropelamentos, e perda de habitat. Tomará que consigamos salvar essa magnifica espécie!


RISCO PARA OS SERES HUMANOS?
Como os seres humanos apresentam grande diversidade genética e podem evitar comportamentos que favoreceriam a transmissão do tumor, parece seguro concluir que a nossa espécie pode facilmente evitar o destino dos diabos-da-tasmânia.
Mas em teoria, o câncer transmissível pode surgir em um grupo de grandes primatas(como chimpanzés, gorilas), com baixa diversidade genética devido ao declínio das populações. Se esses animais forem caçados por populações humanas, com muitos membros com a imunidade baixa, o contato próximo por permitir a transferências de células tumorais para o homem e depois se espalhar. Essas condições se manifestam quando seres humanos com HIV caçam macacos em extinção.
Estamos liberando enormes quantidades de agentes cancerígenos no ambiente e destruindo os hábitats selvagens do mundo, provocando perdas tanto de espécies quanto de diversidade genética. O comércio global e a destruição dos hábitats expõem os seres humanos e a vida selvagem a patógenos que nunca tinham enfrentado antes. Assim, podemos esperar um aumento de novos tipos de câncer em animais selvagens, tanto contagiosos quanto induzidos por vírus e outros patógenos. Não é totalmente inconcebível que esses tumores possam passar para outras espécies- inclusive para os seres humanos.
Referências:
Ciências sem fronteira Austrália, notícias.  http://www.latinoaustralia.com.br/news-australia/Cientistas-descobrem-causa-de-tumor-que-ameaca-diabo-da-Tasmania
Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diabo-da-tasm%C3%A2nia


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