sábado, 22 de outubro de 2016

A chamada “Disputa do Positivismo”


Um debate ainda com pontos em abertos com questões relacionada à Filosofia da Ciência e ao estudo da Economia, com relações profundas com a separação em métodos das Ciências Naturais e Sociais.

Tradução e acréscimos de: en.wikipedia.org - Positivism dispute


A disputa do positivismo (em alemão: Positivismusstreit) foi uma disputa político-filosófica entre os racionalistas críticos (Karl Popper, Hans Albert) e a Escola de Frankfurt (Theodor Adorno, Jürgen Habermas), em 1961, sobre a metodologia das ciências sociais. Tornou-se uma ampla discussão dentro da sociologia alemã de 1961 a 1969. A terminologia em si é controversa, uma vez que eram os proponentes da Escola de Frankfurt que acusaram os racionalistas críticos de serem positivistas, enquanto se consideravam como opositores do positivismo. No plano político, era uma disputa entre os proponentes "esquerdistas" da Escola de Frankfurt de apoio à revolução, e os supostamente "burgueses" racionalistas críticos apoiando a reforma como o método a ser preferido para mudar a sociedade.



Theodor W. Adorno; The Positivist Dispute In German Sociology

Visão geral


O debate começou em 1961 em Tübingen, Alemanha Ocidental, na Conferência da Sociedade Alemã de Sociologia. Os oradores da conferência foram convidados a discutir as diferenças entre as ciências sociais e naturais e o estado dos valores nas ciências sociais.


Em 1963, o debate foi aquecido por Jürgen Habermas nas Festschrift für Adorno (Escritos em Honra de Adorno). O debate tornou-se crítica mais intensa ao Dia da Sociologia em Heidelberg, quando Herbert Marcuse entrou na discussão. Um debate literário animado entre Habermas e Hans Albert surgiu e positivismo tornou-se o centro do debate.


Os participantes também discutiram a questão de saber se o racionalismo crítico de Popper e Albert tinha agravado problemas éticos. A Escola de Frankfurt acreditava que isso deveria ser impossível, porque, como uma teoria da ciência, o racionalismo crítico é visto como estando restrita ao campo do conhecimento.


A disputa famosa inspirou uma coleção de ensaios que foram publicados em 1969. Este livro foi traduzido para várias línguas, incluindo Inglês, em 1976 (veja abaixo). Esta coleção reavivou o debate e apresentou essas idéias a um público mais amplo.

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Elementos da disputa


A disputa tem o seu fundamento na disputa de juízo de valor (Werturteilsstreit) em sociologia alemã e da economia em torno da questão da existência ou não das ciências sociais serem uma declaração obrigatória normativa na política e suas medidas aplicadas em ações políticas, e se ou não as suas medidas podem ser justificadas cientificamente. Consequentemente, a disputa do positivismo é também chamado a Segunda Werturteilsstreit.

O precursor do debate sobre o positivismo pode ser rastreado até o ensaio de Max Horkheimer "Der Angriff auf die Neueste Metaphysik" ( "O último ataque sobre a metafísica"), publicado em 1937, que critica o positivismo lógico do Círculo de Viena. A crítica prolongada do positivismo [1] levou à formação de dois campos: de um lado encontramos o "racionalismo crítico" proposto por Karl Popper e, por outro lado, há a "teoria crítica", que avançou na Escola de Frankfurt. Esta opinião foi reforçada pelo fato de que a principal obra de Popper, “A Lógica da Pesquisa Científica”, foi publicada na principal série de livros do Círculo de Viena. Popper, no entanto, considerava-se um adversário do positivismo, e seu trabalho principal foi um forte ataque sobre ele.


Ambos os campos aceitaram que a sociologia não pode evitar um juízo de valor que inevitavelmente influencia conclusões subsequentes. No racionalismo crítico deve ser mantida a abordagem científica em sociologia e onde o uso de um método de indução não for possível, deve ser evitado. Isto leva a uma sociologia ter um solo firme em observações e deduções, a certeza de que não pode ser ignorada na política.


Para o racionalismo crítico, a sociologia é melhor concebida como um conjunto de questões empíricas sujeitos à investigação científica. A "teoria crítica" da Escola de Frankfurt, por outro lado, nega que a sociologia possa ser separada do seu património "metafísico"; questões empíricas são, necessariamente, enraizadas nas questões filosóficas substantivas. Baseando-se em conceitos de tradições hegeliana e marxista, a teoria crítica concebe a sociedade como uma totalidade concreta, um ambiente social em que várias "agências psico-sociais" (familiares, autoridades, colegas (pares), mídia de massa) moldam a consciência individual.


De acordo com a escola de Frankfurt, é importante descobrir tecidos da sociedade para permitir às pessoas o superar de serem encurraladas. O racionalismo crítico considera que esta meta seja impossível e qualquer tentativa (mudando a sociedade de deduções possivelmente não-científicas) é perigosa. A escola de Frankfurt afirma que o próprio racionalismo crítico é encurralado, não permitindo-se fazer perguntas científicas, quando apenas alguns métodos não estão disponíveis. Olhando para trás na história "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas a sua existência social que determina sua consciência" (Karl Marx, no seu conceito de “o social molda os espíritos”, um conceito relacionado com a “tabula rasa”). A existência social determina a mentalidade dos cientistas também. Todas as hipóteses geradas por cientistas (que teriam de ser falseadas) estão limitadas a esta sociedade pensável. Enquanto o racionalismo crítico fornece métodos que são supostamente tendo uma influência sobre a sociedade, é essa totalidade que faz com que as reformas preconizadas por Popper sejam ineficazes para mudanças perceptíveis.


Popper, por outro lado, considerou que o ponto de vista da escola de Frankfurt era a ideologia historicista sob pena de ver que qualquer tentativa de causar uma mudança total da sociedade (ou seja, a revolução) leva à violência, e que a sociedade deve melhor ser mudada passo a passo (por reformas) para resolver problemas específicos e abolindo males específicos. De acordo com Popper, os indivíduos, incluindo cientistas, são livres de decidir, e são talvez restringidos por sua existência social, mas não totalmente determinada por ela. As alterações podem então parecer ineficazes e muito lentas, mas se acumulam ao longo do tempo. Popper pensa que é o mal menor em comparação com revoluções violentas, uma vez que tais reformas podem ser desfeitas se eles acabam por só fazer as coisas piores, enquanto revoluções costumam levar a longos períodos de tirania. Assim, para Popper, o método de reformas deve ser preferido.

Notas

1.Teóricos críticos usaram o termo "positivismo" como um termo abrangente para se referir a várias escolas filosóficas que eles achavam que tinham sido fundadas na mesma base metodológica; estas escolas incluíram o Círculo de Viena, o positivismo lógico, o realismo e o atomismo lógico (ver Andrew Arato and Eike Gebhardt (eds), The Essential Frankfurt School Reader, Continuum, 1978, p. 373).


Leitura adicional
  • Adorno, Albert, Dahrendorf, Habermas, Pilot und Popper, The Positivist Dispute in German Sociology, Heinemann London 1976 and Harper Torchbook 1976.
  • Habermas, Knowledge and Human Interests (original: Erkenntnis und Interesse, 1968).
  • Habermas, Technology and Science as Ideology (original: Technik und Wissenschaft als „Ideologie“, 1968).
  • Helmut F. Spinner, Popper und die Politik. Berlin (Dietz), 1978.
  • Dahms, H.-J., Positivismusstreit. Die Auseinandersetzungen der Frankfurter Schule mit dem logischen Positivismus, dem amerikanischen Pragmatismus und dem kritischen Rationalismus, Frankfurt a.M. (Suhrkamp), 1994.
  • Thibodeaux, Jarrett. Production as Social Change: Policy Sociology as a Public Good. Sociological Spectrum. 36 (3): 183-190. 2016
  • Find further literature in the German "Study Guide to Hans Albert".
  • André Constantino Yazbek; A “disputa do positivismo na sociologia alemã”: o confronto entre Karl Popper e Theodor Adorno no congresso da Sociedade de Sociologia Alemã de 1961. - PDF: www.urutagua.uem.br / www.urutagua.uem.br
  • Jose Jimenez Blanco; Sobre la disputa del positivismo en la sociología alemana (III): Adorno, otra vez, y Dahrendorf; Revista española de la opinión pública, No. 39 (Jan. - Mar., 1975), pp. 143-160 - DOI: 10.2307/40182385

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